sábado, abril 11, 2015
Para rir!!!
Morre Lula e o funeral é no Palácio do Planalto.
Ao lado do caixão tem uma guarda de soldados.
Nisso aparece uma velhinha com uma sacola de comida e começa a por dentro do caixão cenouras, tomates, alfaces,...
Enquanto os soldados olham para ela surpresos.
Enquanto a velha continua a por alimentos no caixão, um dos soldados, educadamente a interrompe:
- "Senhora, por favor, não pode fazer o que está fazendo"
A velha, enquanto continua a por comida , responde:
- "O que você quer, porra? Que os coitados dos vermes comam somente merda?
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Por: Bruno Toscano
domingo, abril 05, 2015
O devoto da Casa dos Pobres
Tão logo se concluem as formalidades da apresentação, ele pergunta se podemos ir ao seu lugar preferido. Rapidamente percorremos corredores, damos voltas. Há degraus para subir e descer no labirinto que ele conhece de cor devido aos anos de convivência. Por fim, chegamos. “Aqui é o coração da Casa dos Pobres”, diz com ar de triunfo e me convida a entrar na capela que encima uma das mais antigas casas assistenciais de Curitiba.
Queria saber mais sobre Rafael Pussoli, engenheiro e empresário curitibano, mas logo percebo que o que mais ouvirei serão as histórias daquele albergue localizado na esquina das ruas Piquiri e Brasílio Itiberê, no Rebouças. E boa parte do que devo saber aprendo ao observar a capelinha branca e azul.
Assim como o restante da casa, tudo ali foi doado, da tinta que cobre as paredes ao piso que sustenta os pés de quem ora ou apenas passa. O ar final é meio antiquado, démodé. Tem-se a impressão de uma viagem no tempo, talvez aos anos 60 ou 70, décadas que não vivi. Tudo é modesto, sem luxo ou brilho, franciscano. Mas não há austeridade. É um espaço acolhedor, que se abre da mesma maneira aos empresários que lhe sustentam e aos doentes que buscam nele a esperança perdida.
Rafael Pussoli fala rápido – e muito. Mais de uma vez reconhece que seu principal defeito é a língua, ágil para relatar as crônicas da própria vida e as da Casa dos Pobres São João Batista, que, aliás, confundem-se a todo instante. A boa memória permite desfiar com exatidão as inúmeras datas envolvidas. Nascimentos, mortes, viagens, inaugurações. Nos primeiros 15 minutos de nossa conversa já me convenço de que será inútil tentar registrar à mão tantos dados. Da próxima vez, trago um gravador.
Ele assumiu a presidência da Casa dos Pobres ainda na juventude, aos vinte e poucos anos. Havia acabado de formar-se em Engenharia pela PUCPR, curso que quase abandonou por desgosto com o ambiente acadêmico. Achava os professores arrogantes, mais interessados em se pavonear de seus títulos e dotes intelectuais do que ensinar e formar os futuros profissionais. Foi convencido a ficar com um argumento prático. Era o último ano do curso, que terminasse Engenharia e depois partisse para outra área, Direito talvez. Ele convenceu-se. Formou-se no mesmo ano em que a mãe, Ziloah, concluiu a graduação em Psicologia.
Numa tarde um senhor de rua bateu na nossa porta. Estava sujo e maltrapilho. O pessoal não quis que ele entrasse, mas eu disse para deixar. Ele veio, jantou, tomou banho. De manhã, havia morrido. Fiquei feliz por termos conseguido dar a ele, pelo menos no seu último dia, algum conforto.
Desde criança Rafael conhecia a Casa dos Pobres das vezes em que acompanhava o pai, Ricardo Pussoli. Mas era apenas uma visita que vinha vez ou outra, sem promessa de voltar. No início da década de 90, um incêndio transformou o que era um namoro sem compromisso em casamento. A casa foi destruída de tal forma que se pensou em derrubar o que havia resistido ao fogo e fazer nova construção.
Só havia restado as paredes. Rafael, o engenheiro recém-formado, foi chamado para dar o veredicto. Em vez de lançar ao pó o que restava, ele achou viável reconstruir o que havia se perdido. As paredes eram fortes, espessas e com fundações feitas para durar gerações. A casa se refez. E Rafael fez dela também a sua casa.
Pai herói
Não é preciso perguntar duas vezes quando se quer saber da maior influência na vida de Pussoli. É o pai, Ricardo, fundador da construtora que leva o sobrenome da família e falecido em 2012. A epopeia do patriarca narrada pelo filho é digna de filme. Vai da fuga de casa ainda na adolescência, levando apenas um pedaço de pão – que acabou ficando tão duro que nem serviu para ser comido –, à criação de uma das maiores empresas de engenharia do estado, responsável pela pavimentação de inúmeras ruas e avenidas de Curitiba e região metropolitana. A Rodoferroviária de Curitiba é só uma das várias obras públicas erguidas pelos Pussoli.
“Meu pai era um homem extraordinário”, começa a contar. Foi com o pai, homem simples que mal passou pelos bancos da escola, que diz ter aprendido as lições que transparecem no seu jeito de ser: franqueza, simplicidade, fé. Foi com o pai também que aprendeu a amar o ato de construir. “Meu pai dizia que adorava construir algo onde não havia nada. Eu achava estranho fazer asfalto no meio do mato. Para que se não tinha ninguém morando lá?”
Para o filho, o pai era um exemplo de um tipo de empresário cada vez mais raro hoje em dia. Entregava as obras antes de terminar o prazo, oferecia benefícios aos empregados, participava de obras de caridade e não se deixava levar por extravagâncias. Só foi ter motorista particular depois dos 80 anos após muita insistência dos filhos. O único luxo que teve foi a casa construída no Alto da XV em que criou toda a família: a escadaria imitava a do casarão de E o Vento Levou...
O carola
“Você se considera um beato?”, provoco só para ver a reação dele. Rafael não se abala. Sim, ele é um homem de fé, não há como negar. No escritório, quem entra pode ver vários santos: são padre Pio de Pietrelcina, são Josemaria, imagens de Nossa Senhora. Nas missas, que participa não apenas aos domingos, mas também durante a semana quando possível, busca não chamar a atenção. “Quando mais discreto eu for, melhor, porque é só eu e Deus. Poucos vão entender.”
Em 1998 teve uma das experiências mais significativas de sua vida: uma conversa particular com são João Paulo II, em Roma. O encontro foi intermediado pelo atual bispo auxiliar de Curitiba, dom Rafael Biernaski, e acabou imortalizado em um retrato colocado em lugar de honra no hall de entrada da Casa dos Pobres. “Quando eu saí de lá comecei a chorar. Foi aí que fiz a promessa de que enquanto eu viver trabalharei pela Casa dos Pobres.”
Ser visto com frequência em companhia do arcebispo emérito de Curitiba, dom Pedro Fedalto, também alimenta a fama de homem de igreja de Pussoli. O empresário acompanha o arcebispo em eventos, o consulta para resolver dilemas, mantém longas conversas com o mestre. Se Pussoli estiver com dom Pedro Fedalto e disser que a conversa vai durar só “uns minutinhos”, não se iluda: será pelo menos uma hora de papo entre os dois.
A proximidade entre eles também é explicada pela Casa dos Pobres. Dom Pedro acompanhou a história da instituição – estava ao lado de dom Manuel da Silveira D’Elboux quando este a abençoou durante a inauguração em 1954. Ele conhece todas as dificuldades envolvidas em sua manutenção, que depende exclusivamente de recursos vindos de pessoas e empresas. “Rafael Pussoli é um teimoso”, brinca. No entender do arcebispo, apenas a teimosia – mas uma teimosia boa, diga-se – explicaria tamanha dedicação a uma obra, que, por não “dar lucro” já foi desprezada muitas vezes.
Os pobres da Casa dos Pobres
Após tantos anos à frente da Casa dos Pobres, Rafael coleciona inúmeras histórias. Funcionando como um albergue, a maior parte dos hóspedes são pessoas que chegam a Curitiba em busca de tratamento médico. Sem ter onde ficar, encontram no abrigo cama, banho e comida sem custo algum. Mas a Casa também recebe eventualmente pessoas que simplesmente não têm onde dormir.
“Numa tarde um senhor de rua bateu na nossa porta. Estava sujo e maltrapilho. O pessoal não quis que ele entrasse, mas eu disse para deixar. Ele veio, jantou, tomou banho. De manhã, havia morrido. Fiquei feliz por termos conseguido dar a ele, pelo menos no seu último dia, algum conforto”, conta Rafael.
Como o fluxo de pessoas é grande, é difícil precisar quantas pessoas já passaram pelos quartos da Casa. Homens, mulheres, famílias inteiras já se abrigaram lá. Hoje são mais de 200 leitos disponíveis. Há uma equipe de profissionais contratados para fazer o ambiente funcionar. Além da função de albergue, a Casa dos Pobres mantém uma creche e oferece educação em contraturno para as crianças da região. Todas as atividades são custeadas por meio de doações.
Um bazar semipermanente com produtos de segunda mão – roupas, calçados, eletrodomésticos – traz parte dos recursos necessários. O restante, vem diretamente do bolso de benfeitores. Uma vez alguém doou à Casa um envelope com a quantia exata para fechar as contas do mês. Rafael até hoje diz não saber quem foi. Prefere ver naquele gesto um ato de Deus.
O comentarista político
Além de empresário e presidente da Casa dos Pobres, Rafael Pussoli bem que poderia ser comentarista político. Conhece muito bem os meandros do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Amigo de vários políticos e desafeto de outros tantos – melhor não nomeá-los para evitar constrangimentos –se alguém lhe disser um nome do cenário político, dificilmente vai deixar de receber em resposta uma avaliação dos feitos e do caráter do sujeito.
De alguns personagens e experiências guarda impressões sombrias, como da vez em que trabalhou no Tribunal de Justiça do Paraná. “No Judiciário tem algumas pessoas que sofrem de ‘juizite’. Acham que só porque são juízes estão acima das outras pessoas, num pedestal”, diz contrariado. Ao lidar com as licitações do Judiciário paranaense, outra experiência desagradável foi encontrar empresários dispostos a pagar suborno para verem suas empresas vencedoras. “E o pior é que era uma pessoa que eu considerava idônea.”
Mas não pensem que ele desanima diante de tantos escândalos e corrupções. Para Rafael, a onda de protestos por uma política com menos corrupção é um bom sinal. Ele está convencido de que existem muitas lideranças, tanto na política quanto no meio empresarial, que podem fazer a diferença e ajudar a mobilizar aqueles que ainda acreditam em valores como honestidade,justiça, integridade e – por que não? – bondade. Seria o primeiro passo para uma profunda mudança na sociedade, capaz de fazer as pessoas enxergarem o verdadeiro sentido da vida.
“Hoje as pessoas só se preocupam em ter. Não percebem que vivemos uma crise ética. Todo dia eu me pergunto o que é que eu vou levar comigo? Não vai ser o dinheiro, nem a fama, nada. Só vou levar o pouquinho de bem que conseguir fazer aos outros. Nada mais importa.”
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