O CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil emitiu nesta quinta-feira, 30, uma nota de repúdio ao massacre promovido ontem, dia 29, contra professores em Curitiba. Com centenas de feridos, os docentes contestavam o projeto de lei que promove mudanças no custeio da Previdência Social dos servidores paranaenses.
Leia a nota na íntegra:
A OPÇÃO PELA BARBÁRIE E O NÃO À DEMOCRACIA
NOTA DE APOIO AOS EDUCADORES DO PARANÁ
“Eu quero, isso sim, é ver brotar o direito
e correr a justiça como riacho que não seca”. (Am 5.24)
Os atos de violência ocorridos no dia 29 de abril, na cidade de Curitiba, com o intuito de coibir as manifestações dos educadores e das educadoras materializaram-se em um exemplo claro da opção de um governo pela barbárie e de negação da democracia.
As imagens que circulam nas redes sociais, jornais e televisão deixam claro a truculência e a violência utilizadas pelas forças policiais a mando do governo do Estado.
O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil soma-se às diversas organizações da sociedade civil para expressar solidariedade aos professores e seus familiares. As reivindicações desses profissionais são legítimas e merecem o apoio de toda a sociedade.
De igual forma, expressamos o nosso repúdio contra as opções tomadas pelo governo do Estado do Paraná que mostrou-se fechado ao diálogo. Não aceitamos que trabalhadores e trabalhadoras sejam tratados com coerção e violência.
Cabe ainda ressaltar o exemplo dos policiais que se negaram a investir contra os manifestantes, civis desarmados, descumprindo ordens superiores manifestamente ilegais. Desta forma, compreendemos que as represálias a estes profissionais da segurança constituem-se em mais uma forma de exteriorização da arbitrariedade do governo estadual do Paraná. As forças de segurança pública são constitucionalmente investidas na função tendo por norte e dever a defesa dos direitos dos cidadãos, nos termos da Carta constitucional de 1988.
As ações de ontem reforçam o risco de novamente assistirmos no Brasil o uso da violência contra os trabalhadores, por isso, insurgi-nos veementemente contra os fatos em questão.
Não aceitamos que os profissionais da segurança sejam enquadrados nos códigos militares. A desmilitarização da polícia é urgente.
As reivindicações e mobilizações de trabalhadores e trabalhadoras são inerentes ao regime democrático. Estes são direitos constitucionalmente assegurados. De forma que não há argumento que justifique as ações de violência perpetradas no dia de ontem. Desta forma, exigimos que as apurações dos excessos cometidos possibilitem que os responsáveis respondam por todas as violações de direitos humanos ocorridos.
Às vésperas do dia 1° de maio, conclamamos para a reflexão sobre a atual fragilidade a que estão expostos os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros.
Foto: Daniel Castellano/Agência Gazeta do Povo