A implantação do projeto das Tubotecas - pequenas bibliotecas que funcionam dentro das estações-tubo para empréstimo gratuito - fez crescer um serviço que sempre foi realizado pelo setor de Literatura da Fundação Cultural de Curitiba: a recepção, higienização, triagem e distribuição de livros doados pela comunidade. Com esse procedimento, todos os livros recebidos têm uma destinação certa e adequada conforme os campos de interesse dos novos leitores.
As Tubotecas, as Casas da Leitura e as bibliotecas especializadas da Fundação Cultural recebem boa parte do material referente à literatura de todos os gêneros, obras históricas, artísticas e científicas, e histórias em quadrinhos. Livros técnicos de outras áreas do conhecimento, obras religiosas, de autoajuda, enciclopédias e livros didáticos são encaminhados para outras instituições, como associações de moradores, hospitais, bibliotecas comunitárias e rurais. Em julho, um lote de 2.500 volumes foi enviado ao Departamento Penitenciário do Estado (Depen) para distribuição em unidades penais e utilização por detentos que participam do projeto Remição da Pena pelo Estudo através da Leitura.
“Todas as doações são aproveitadas de alguma forma”, diz a gerente das Casas da Leitura, Patrícia Wohlke, responsável pela avaliação do material doado. Segundo Patrícia, mesmo os livros didáticos encontram interessados nas associações de moradores e bibliotecas da zona rural da Região Metropolitana de Curitiba, que sofrem com a carência de informações. Os livros doados a esses locais são utilizados em atividades de reforço escolar.
Em meio ao grande volume de doações, encontram-se livros atuais, obras literárias de qualidade e até mesmo obras raras. Recentemente, Patrícia resgatou uma biografia de Rocha Pombo (escritor e historiador paranaense, falecido em 1933), edição de 1947, que foi destinada à biblioteca da Casa da Memória para uma avaliação mais precisa sobre o interesse histórico da obra. Também encontrou o livro Canto dos Malditos, de Austregésilo Carrano Bueno, que inspirou o filme Bicho de Sete Cabeças. O livro está com edição esgotada, sendo difícil encontrá-lo no mercado. Neste caso, o exemplar passou a integrar o acervo das Casas da Leitura como obra de referência. “Não podemos deixar de aceitar tudo o que a comunidade traz, pois estaríamos perdendo a possibilidade de resgatar muita coisa boa”, explica Patrícia Wohlke.
Boas mãos
Entre as aquisições recentes estão os 250 livros doados pela Universidade Tuiuti e os 1.000 volumes doados pelo Sebo Osório. Uma das mais significativas veio do professor Mário Lopes da Silva, que doou aproximadamente 2 mil volumes da biblioteca da educadora Lybia Farah Araújo, sua sogra, falecida em 2011. Esse acervo integrava a biblioteca das escolas que foram mantidas pela família durante aproximadamente 30 anos, em Curitiba – Pré-Escola Balão Vermelho, Escolas Bittar e Anglo Bittar.
“É um acervo muito bom, com exemplares de grandes obras da literatura brasileira, muitos romances e biografias, que eram as suas predileções. Foi por meio do trabalho dela que eu e meus filhos adquirimos também o gosto pela leitura”, conta Mário Lopes. Precisando se desfazer do acervo, por estar em processo de mudança, o professor pesquisou algumas alternativas de destinação das obras, até que tomou conhecimento do projeto das Tubotecas. “Pensei: vai ficar em boas mãos”, disse.
Lopes tornou-se um entusiasta das Tubotecas. “Este projeto é sensacional. Se esses livros tivessem ido para outro local, hoje eu estaria com o coração apertado, mas agora me sinto gratificado com o destino que tiveram”, afirmou.
As doações podem ser entregues nas Casas da Leitura da Fundação Cultural de Curitiba e na sede da Coordenação de Literatura da FCC no Palacete Wolf (Praça Garibaldi, nº 7).
Nenhum comentário:
Postar um comentário