O arcebispo de Curitiba, dom Moacyr José Vitti morreu por volta das 14h40 desta quinta-feira (26), vitimado por um enfarte. Ele tinha 73 anos. O corpo está sendo velado na Catedral Basílica Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, onde também será o sepultamento, na manhã do sábado (28).
Após uma missa, segundo informações da própria Catedral, o local permanece aberto, durante toda a madrugada. A partir das 7 da manhã de sexta, missas em memória do arcebispo serão celebradas de hora em hora, até o final da noite. Na madrugada, a igreja fica novamente aberta para a população.
A missa de funeral, marcada para as 9 horas de sábado, deve ser presidida pelo bispo auxiliar de Curitiba dom Rafael Biernaski e concelebrada pelo arcebispo emérito dom Pedro Fedalto. O velório é aberto à população, mas, por limitações de espaço, o sepultamento – abaixo da sacristia da Catedral – será presenciado por um grupo restrito de pessoas ligadas à Igreja e à família.
Comunicados imediatamente pela Arquidiocese, familiares de dom Moacyr estão vindo do interior de São Paulo para os funerais. As informações foram confirmadas por dom Rafael Biernaski em entrevista coletiva à imprensa, nesta tarde.
Segundo o bispo auxiliar, que estava com dom Moacyr no momento do enfarte, o arcebispo havia almoçado na casa do clero, nos fundos de sua residência. Como era hábito, ele voltou para casa, caminhando por 800 metros, para tomar um café em sua cadeira. “Ele se inclinou, permaneceu na cadeira. Chamei a ambulância, que chegou em oito ou 10 minutos, tentaram reanimá-lo, mas depois de alguns minutos foi constatado seu falecimento”, contou dom Rafael. Dom Moacyr não tinha histórico de problemas cardíacos.
Futuro da Igreja de Curitiba
Pelas normas do Direito Canônico, um colégio de consultores, formado por sete ou oito padres, deve se reunir dentro dos próximos oito dias e fazer a votação de um administrador diocesano. O resultado da eleição é comunicado à Santa Sé, que confirma o administrador. O processo de nomeação de um novo arcebispo pelo Papa leva em torno de um ano, segundo dom Rafael Biernaski.
Ele admite a possibilidade de nomeação de um dos bispos auxiliares – dom Rafael e dom José Mário Angonese – para o arcebispado. “Dom Pedro Fedalto era auxiliar de dom Manoel, que faleceu em 1970. O sucedeu imediatamente após sua morte e governou a Igreja de Curitiba por quase 30 anos. Depois, dom Moacyr o sucedeu. Temos um antecedente. Então, é possível, mas depende do processo, das indicações”, resume.
Repercussão
O prefeito Gustavo Fruet decretou luto oficial de três dias na capital pela morte do arcebispo. "Durante 73 anos, Dom Moacyr dedicou sua vida a fazer o bem e cuidar das pessoas. Uma lição de existência. Perdemos um grande homem", disse o prefeito, em nota de pesar. Fruet disse ainda que, além de grande evangelizador, o arcebispo era um homem atento às questões administrativas da cidade e muito receptivo. Fruet e dom Moacyr estiveram juntos pela última vez no dia 19 deste mês, na celebração de Corpus Christi.
O governador do estado, Beto Richa, lamentou o falecimento por meio de sua conta no Facebook. “Dom Moacyr era uma pessoa com quem dividíamos preocupações e amizade e de quem sempre recebíamos palavras iluminadas e de muita paz. Uma pessoa querida não só pela comunidade católica, mas por todos os que sabiam de seu carisma, de sua bondade e de sua solidariedade”. O governador também decretou luto oficial por três dias no estado.
O reitor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Waldemiro Gremski, disse que todos foram pegos de surpresa com o falecimento. “Para nós foi um choque. Ele sempre aparentou boa saúde”, disse o reitor, que destacou os esforços de dom Moacyr para que a PUCPR fosse um ambiente de debates livre de imposições. “Ele jamais cerceou qualquer manifestação da universidade, qualquer estudo, seja filosófico, científico, etc. Sempre fez questão de que não houvesse discriminação entre professores católicos e não católicos”, afirmou Gremski. Como arcebispo de Curitiba, dom Moacyr também era grão-chanceler da PUCPR, o cargo máximo na hierarquia da universidade.
Dom Moacyr também era próximo aos seminaristas da arquidiocese. Segundo o padre Maurício dos Anjos, reitor do Seminário Propedêutico São João Maria Vianney, o arcebispo os visitava constantemente. “Celebrava a missa, jantava com os formadores e seminaristas, sempre em clima de diálogo e amizade. Foi um pastor que apoiou muito as vocações sacerdotais”.
Biografia
Filho de João Vitti e Sophia Vitti, Moacyr José Vitti nasceu no dia 30 de novembro de 1940, no município de Piracicaba, São Paulo.
Entrou para a congregação dos Estigmatinos em 17 de janeiro de 1953, passando a estudar no município de Ribeirão Preto. Tornou-se noviço em 1960, no município de Casa Branca, onde professou os primeiros votos como religioso. Depois, estudou Filosofia e Teologia no Instituto dos Estigmatinos em Campinas. Fez sua profissão perpétua em 9 de dezembro de 1963 e foi ordenado sacerdote na Capela da Santíssima Trindade, em Campinas, em 16 de dezembro de 1967.
Após ordenado, trabalhou por seis anos na Pastoral Vocacional e foi conselheiro provincial. Depois, por mais seis anos foi vice-geral (segundo na hierarquia) da Congregação dos Estigmatinos, em Roma, e em seguida provincial da Província de Santa Cruz no Brasil.
Doutorou-se em Teologia na Universidade Angelicum, de Roma. Sua nomeação como bispo auxiliar da Arquidiocese de Curitiba ocorreu no dia 18 de novembro de 1987. A ordenação episcopal ocorreu no município de Americana, São Paulo, em dia 3 de janeiro de 1988.
A nomeação de bispo diocesano de Piracicaba/SP ocorreu no dia 15 de maio de 2002. Em 19 de maio de 2004, Dom Moacyr foi transferido para a arquidiocese de Curitiba pelo papa João Paulo II, tomando posse no dia 18 de junho, na Catedral Basílica Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.
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