Dois grupos de estudantes das escolas municipais Papa João XXIII, no Novo Mundo, e Durival de Britto e Silva, no Cajuru, estão vivendo dias especiais. Eles se preparam para representar Curitiba e a rede municipal de ensino em duas importantes disputas de robótica. O primeiro grupo vai participar do Festival Internacional de Robótica First Lego League (FLL), que reunirá equipes brasileiras e de cinco outros países em Belo Horizonte, na semana que vem. O outro grupo participará neste sábado (30), da etapa regional da Olimpíada Brasileira de Robótica, em Londrina.
A participação na Lego League será a primeira de uma escola da rede municipal num evento internacional de robótica. É também a primeira vez que o Brasil sediará uma competição oficial da Lego League. A participação na Olimpíada também é inédita.
Nos dois casos, a presença dos estudantes curitibanos é resultado de um trabalho que a rede municipal realiza para melhorar a compreensão de conceitos matemáticos e espaciais. Aulas de robótica são oferecidas em contraturno para turmas de 6º ao 9º ano das 11 escolas da rede que ofertam a segunda etapa do ensino fundamental (5º ao 9º ano). Além disso, turmas de 1º ao 4º ano das escolas em tempo integral têm aulas de iniciação ao tema, com conceitos básicos de robótica.
Lego League
Vão participar do Festival Internacional de Robótica First Lego League 23 equipes: 18 brasileiras e cinco estrangeiras convidadas (da Estônia, Canadá, Estados Unidos, Áustria e Chile). O evento acontecerá nos dias 2, 3 e 4 de setembro e faz parte da programação da Olimpíada do Conhecimento, uma tradicional competição de educação profissional promovida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
O festival não tem caráter de competição. O objetivo é fortalecer e estimular a inovação, a criatividade e o raciocínio lógico, despertando nos estudantes o interesse pelas carreiras de engenharia e tecnologia.
A participação dos estudantes curitibanos no festival é o resultado do bom desempenho do grupo na etapa nacional do campeonato de robótica First Lego League (FLL), realizada em Brasília em fevereiro passado. A equipe, batizada de Papa Power, é formada por oito alunos, que treinam diariamente para o festival.
“Vai ser muito bacana, estaremos em contato com estudantes de outros países com histórias e conhecimentos diferentes dos nossos”, diz o estudante Remi Rodrigues Neto, de 12 anos, integrante da Papa Power. Também compõem os estudantes Lucas Souza (14 anos), Guilherme Nunes (14 anos), Ana Clara Nunes (11 anos), Giulia Mello (15 anos), Rofrigo Alezi de Souza Ribeiro ( 12 anos), Kaleb Bostemann(12 anos) e Júlio Sutil (13 anos). A técnica da equipe é a professora Manancita Nantar.
Os treinos têm acontecido todas as tardes, no horário contrário às aulas, no laboratório de informática da escola. Os meninos e meninas querem estar preparados para representar bem a cidade. “O importante serão as trocas que faremos com estudantes estrangeiros. Vamos mostrar do que somos capazes e por isso temos que fazer direito”, diz o estudante Lucas de Souza.
Missão
A equipe terá que executar missões de robótica em dois minutos e meio, a partir do tema “Fúrias da Natureza”. Usando um robô construído por eles, com peças Lego, os estudantes terão que demonstrar programações feitas para simular ações necessárias para o resgate de vítimas e contenção de problemas em casos de catástrofes naturais.
O tema e as missões serão os mesmos para todos os participantes do festival. Cada equipe pensará apresentará o próprio robô e a programação necessária para cada missão. O robô construído pela equipe Papa Power foi batizado de Pink Lord, em alusão à cor rosa da equipe.
Diversão
Normalmente os estudantes curitibanos trabalham com robótica em aulas no contraturno escolar, duas vezes na semana. Com a aproximação da data do First Lego League, eles têm passado mais tempo na escola – mas acham que isso não é problema, e sim uma diversão. “Estamos aprendendo muito e ansiosos pela disputa. Em cada etapa aprendemos algo de novo e isso é muito legal”, diz Julio Sutil.
“Aprendi muito, mas para ser sincero, meu maior ganho foi ter aprendido a me comunicar”, disse o estudante Kaleb Bostemann. Segundo ele, participar das atividades de robótica, desenvolver pesquisas e ter que discutir e divulgar os conhecimentos entre colegas o ajudou a superar a timidez. “Quando eu percebi, tinha conquistado segurança para interagir e falar em público. Essa é a minha maior premiação”, conta Kaleb.
Mais do que o ganho pessoal conquistado por cada criança, a professora comemora outros avanços comuns ao grupo. “Eles apresentam melhora no desempenho escolar, além de melhora na autoestima e confiança”, diz Manancita.
Conceitos matemáticos
De forma divertida, interagindo uns com os outros e aguçados pela curiosidade, os estudantes trabalham conceitos matemáticos, noções espaciais, de ângulo, velocidade e tempo durante as aulas de robótica. Para as etapas anteriores do festival os estudantes precisaram desenvolver uma pesquisa sobre os diferentes tipos de desastres naturais e formas de minimizar efeitos de tornados, ciclones, avalanches, tempestades, terremotos, tsunamis, enchentes, deslizamentos de terra entre outros. Todo o processo exigiu criatividade, pesquisa e pensamento analítico.
A equipe Papa Power criou um dispositivo autônomo para ser colocado nos rios e medir o nível de água, por ocasião das chuvas. O dispositivo emite um alerta aos órgãos responsáveis e à Associação de Bairros, quando o nível ultrapassa o limite aceitável.
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