No primeiro discurso como presidente reeleita do Brasil, Dilma Rousseff (PT) pediu união aos brasileiros depois do resultado apertado que a conduziu ao segundo mandato. Ao lado do ex-presidenteLuis Inácio Lula da Silva, Dilma disse que irá liderar a reforma política com a convocação de um plebiscito para consultar a população sobre o tema, cuja votação deverá ocorrer no Congresso Nacional.
Resultado da eleição para presidente
Prometeu, tem que cumprir
A campanha da petista endossou as realizações do governo federal nos últimos 12 anos, período em que o partido esteve no poder. O reforço do que já foi feito servia como base para as propostas registradas no Tribunal Superior Eleitoral, já que, em geral, o alicerce do novo mandato é a ampliação de programas que já existem. Confira as principais propostas da presidente reeleita e faça valer seu direito de cidadão: cobre para que as promessas sejam cumpridas.
A trajetória de Dilma Rousseff
Dilma Rousseff nasceu em um lar de classe média de Belo Horizonte, em 1947. Filha do meio de um imigrante búlgaro e uma professora carioca, teve uma infância tranquila, bastante próxima a mãe e aos dois irmão. Dilma começou o ensino fundamental no Colégio Sion, uma das instituições de ensino mais tradicionais de Belo Horizonte, só para meninas. Ali, pela primeira vez, Dilma conheceu a pobreza, por intermédio de ações comunitárias promovidas pelas Freitas do Sion.
Dilma militou na Colina e na Val-Palmares durante o período em que o país foi governado por uma ditadura militar. Usou os codinomes de Wanda, Lúcia e Maria. Nesse período, esteve envolvida no planejamento do assalto ao cofre do ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros.
Aécio Neves pede para Dilma unir o país
O candidato à Presidência da República derrotado nesse domingo (26), Aécio Neves (PSDB), fez um pronunciamento por volta das 21h15 deste domingo (26) e comentou o resultado das urnas. Ao lado de apoiadores em Belo Horizonte (MG), Aécio agradeceu os quase 51 milhões de votos recebidos e pediu à presidente reeleita para unir o país.
“Cumprimentei por telefone a presidente reeleita e desejei sucesso na condução do próximo governo”, informou. “A maior de todas as prioridades é unir o Brasil em torno de um projeto honrado e que dignifique todos os brasileiros”, pediu à Dilma.
“Nós vamos encontrar a força e a legitimidade para levar à frente a reforma política. Tenho convicção de que haverá interesse dos setores do Congresso, da sociedade, de todas as forças ativas da nossa sociedade para abrir discussão para implementar medidas concretas”, disse a presidente reeleita.
O discurso foi feito para cerca de 500 militantes petistas reunidos no luxuoso hotel Royal Tulip, emBrasília (DF). O encontro - que marcou a comemoração da vitória eleitoral - foi organizado com um forte esquema de segurança. A chuva, que caiu na capital federal ao longo do dia, atrapalhou a mobilização do Partido dos Trabalhadores.
Dilma subiu no palanque ao lado do vice-presidenteMichel Temer (PMDB). Ela iniciou o discurso – em um púlpito decorado com a bandeira do Brasil – saudando o ex-presidente Lula. Depois, agradeceu aos partidos da coligação, os militantes petistas e, por fim, os brasileiros. Com o semblante sério na maioria do tempo, a presidente Dilma sorriu pouco e, eventualmente, deixou transparecer um sentimento de alívio. Pediu três vezes para a plateia maneirasse nas manifestações para poupar a voz e fez apenas uma brincadeira, após o microfone ser trocado. Por diversas vezes, o público presente interrompeu o discurso dela para gritar “Olé, olé, olá. Dilma, Dilma”, “Um, dois, três, é Dilma outra vez”, “Coração valente” e o tradicional “Olé, olé, olá. Lula, Lula.”
Boa parte do discurso da presidente fez referência à necessidade de união e diálogo: “Não acredito, sinceramente, que essas eleições tenham dividido o país ao meio. Entendo, sim, que elas mobilizaram ideias e emoções, às vezes contraditórias, mas movidas por um sentimento comum: a busca de um futuro melhor para o país.” “Em lugar de ampliar divergência, de criar um fosso, tenho forte esperança de que a energia mobilizadora tenha me perpetrado um bom terreno para construção de pontes”, completou.
“Algumas vezes na História, resultados apertados produziram mudanças mais fortes e mais rápidas do que vitórias muito amplas. Essa é minha esperança, ou melhor, minha certeza do que vai ocorrer a partir de agora no Brasil. Minhas primeiras palavras são um chamamento para a união. Essa presidenta aqui está disponível ao diálogo e esse é o primeiro compromisso do segundo mandato”, reafirmou.
Economia
Outro tema relevante na fala de Dilma Rousseff foi a economia do país. Ela prometeu manter a política de incentivo ao salário mínimo, disse que irá se empenhar para manter a geração de empregos e que também irá ajudar no desenvolvimento econômico, em especial da indústria nacional. “Promoverei também com urgência ações localizadas, em especial, na economia para retomar nosso ritmo de crescimento para continuar os níveis altos de emprego e asseguramos a valorização dos salários. Vamos dar mais impulso a atividade econômica em todos os setores, em especial no industrial.”
A presidente afirmou ainda que vai seguir no combate à inflação, "avançando no terreno da Responsabilidade Fiscal". Dilma afirmou que vai procurar estabelecer "parceria e diálogo" com as forças produtivas do país, empenhando-se nesta tarefa "antes mesmo" do inicio de seu próximo mandato.
Apelo ao orgulho de ser brasileiro
Na parte final de seu discurso, a presidente apelou para o "orgulho de ser brasileiro". "Quero ampliar o nosso sentimento de fé nessa nação incrível, a que nós temos o privilégio de pertencer e a responsabilidade de fazer cada vez mais próspera e mais justa".
Em mais um gesto de reconciliação do país, após uma disputa eleitoral acirrada, ela afirmou que o país "saiu maior dessa disputa". Dilma disse ainda "sabe a responsabilidade que pesa sobre [os] ombros", apelando para a construção de um Brasil "da solidariedade e das oportunidades".
"Um Brasil que valoriza o trabalho e a energia empreendedora. Um Brasil que cuida das pessoas com um olhar especial para as mulheres, os negros e os jovens. Um Brasil cada vez mais voltado para a educação, a cultura, a ciência e a inovação. Vamos nos dar as mãos e ajudar nessa caminhada que vai nos ajudar a construir um presente e um futuro", afirmou. Ela agradeceu ainda os eleitores e militantes. "O carinho, o afeto, o amor e o apoio que recebi nessa campanha me dão a energia para prosseguir com muito mais determinação". "Brasil, mais uma vez, essa filha tua não fugirá À luta. Viva o Brasil e viva o povo brasileiro", concluiu a presidente, que ainda cantou o hino nacional brasileiro para encerrar o evento que celebrou a vitória na disputa deste domingo.
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