Nem uma construtora ou grande empreiteira. O Pinheirão foi arrematado em leilão na tarde de ontem por uma empresa de agroempreendimentos. Após o lance final, de R$ 57,5 milhões, o acionista majoritário da JD Agricultura e Participações Sociais Ltda., João Destro, 67 anos, confessou não saber ao certo o que fará com a área de 124 mil metros quadrados que abriga o estádio, leiloado por causa de uma dívida de R$ 2,5 milhões da Federação Paranaense de Futebol (FPF), dona da área, com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
“Comprei no impulso [risos]. Vamos fazer um estudo de área com as secretarias da prefeitura para ver o melhor aproveitamento”, destacou Destro, que teve de assinar na hora, como garantia, um cheque no valor do arremate. Ele disputou o terreno, com lance mínimo acima de R$ 34,5 milhões, com pelo menos três grupos distintos.
Daniel Caron/ Gazeta do Povo
João Destro, de 67 anos, bate o martelo e compra o Pinheirão: investimento futuro
Frustração
Coritiba ficou bem perto de comprar o estádio da FPF
André Pugliesi
Arrematada ontem, a área onde está o Pinheirão esteve muito próxima de abrigar um novo estádio do Coritiba. Entre agosto e novembro do ano passado, a FPF e um representante do clube e de investidores negociaram a compra do estádio, que acabou fracassada por causa de desentendimentos nos bastidores.
O plano era erguer no Tarumã uma praça esportiva moderna para o clube – com capacidade para 45 mil pessoas, ao custo de R$ 440 milhões – e um empreendimento imobiliário. Em troca da arena, o Alviverde cederia o Couto Pereira. A baiana OAS foi uma das empreiteiras que se candidataram a participar da construção.
Durante todo o desenrolar da história, o Coxa negou o interesse na mudança de endereço. Até hoje, o clube afirma ter a intenção de reformar o Alto da Glória – e tem promovido constantemente melhorias em seu estádio. Apesar disso, segue à procura de um terreno para construir uma nova casa.
O empresário, que também é suplente de deputado federal, porém, não descarta a possibilidade de reativar o complexo esportivo – o Pinheirão está interditado pela Justiça desde 2007 e há duas semanas também foi a leilão, com lance mínimo de R$ 69 milhões, mas não recebeu nenhuma oferta.
“É um investimento de futuro. Curitiba é um centro muito interessante pela qualidade de vida que existe aqui. Pode ser até um grande estádio, uma grande praça de eventos. Tudo é possível”, disse ele, que é natural de Cascavel, Região Oeste do estado.
Apesar do entusiasmo, Destro admite que o negócio é complexo, já que o arremate pode até ser cancelado devido às duas ações judiciais em trâmite movidas pela FPF. A entidade entrou com pedidos de agravo de instrumento para evitar o leilão.
Por decisão do desembargador Álvaro Junqueira, do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, ficou determinado o aviso aos compradores de que o leilão está sendo contestado na Justiça. Assim, o valor da compra foi depositado integralmente em juízo. “Tivemos conversas [com a FPF] para entender o andamento dos recursos e até que ponto isso pode influenciar no leilão”, revelou Destro.
Procurado pela Gazeta do Povo, o presidente da FPF, Hélio Cury, informou que ainda não sabe se irá contestar a venda pública. “Vamos ter uma posição até segunda-feira. Até lá, não vamos nos pronunciar sobre isso”, disse.
Negócio milionário não zera as dívidas da Federação
Os R$ 57,5 milhões pagos ontem à tarde pela empresa JD Agricultura e Participações Sociais Ltda., grupo empresarial de Cascavel, para comprar o Estádio Pinheirão não serão suficientes para sanar totalmente as dívidas da Federação Paranaense de Futebol (FPF), até então proprietária da área.
De acordo com o balanço financeiro da entidade, referente ao exercício de 2011, a dívida é de aproximadamente R$ 57, 7 milhões. O montante somado aos honorários do leiloeiro, de R$ 1,725 milhão (3% do valor da compra), faz com que a FPF tenha de desembolsar ainda pouco mais de R$ 1,9 milhão para zerar as contas.
Com base nisso é que a administração Hélio Cury tentou vender o estádio – negociou com investidores ligados ao Coritiba – pelo valor de mercado, estimado em R$ 69 milhões, montante inicial do fracassado primeiro leilão (não apareceram interessados na aquisição do terreno).
Entre os principais credores da FPF, destaque para o governo federal (pouco mais de R$ 27,3 milhões), o Atlético (perto de R$ 18 milhões) e a prefeitura de Curitiba (cerca de R$ 7,8 milhões).