O apresentador Ratinho, o governador Beto Richa, o senador Roberto Requião, os ministros Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann são os principais cabos eleitorais em Curitiba. Veja como eles avaliam a eleição deste ano
Até que ponto um bom “padrinho” pode ajudar um candidato em uma disputa eleitoral? Historicamente, já está provado que um “cabo eleitoral de peso” pode ajudar e levar um candidato à vitória. O exemplo mais recente é o da presidente Dilma Rousseff, que teve o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se eleger, em 2010. Os quatro principais candidatos à prefeitura de Curitiba também têm cabos eleitorais de peso: Ratinho Jr. (PSC)conta com o apoio do pai, o apresentador de televisão Ratinho; Luciano Ducci (PSB) tem ao seu lado o governador Beto Richa (PSDB); Rafael Greca (PMDB) tem apoio do senador Roberto Requião; e Gustavo Fruet (PDT) tem o apoio do PT e dos ministros Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann. A Gazeta do Povo ouviu os “padrinhos” para saber como eles avaliam a eleição deste ano.
Ratinho: “Sempre quis que um filho meu fosse prefeito”
Carlos Roberto Massa, o Ratinho, já foi vereador e deputado federal, mas largou o mandato na Câmara Federal porque não tinha “paciência de escutar discursos longos”. Mais de 20 anos depois de deixar o Congresso para se dedicar à televisão e ficar conhecido em todo o país, Ratinho está novamente em uma campanha eleitoral. Desta vez, para ajudar a eleger o filho Ratinho Júnior (PSC) prefeito de Curitiba. “É um sonho. Tenho três filhos e sempre quis que um deles fosse prefeito ou governador”.
Alguns apontam Ratinho como o grande cabo eleitoral da campanha. Ele tem percorrido os bairros para pedir votos e promete redobrar o esforço em um eventual segundo turno, pedindo votos de porta em porta. O maior trunfo da campanha, diz o apresentador, é a independência do filho. “É uma candidatura independente. Ele poderá contar com um bom quadro técnico, não vai fazer um cabide de empregos para atender partidos. Os únicos políticos que estão trabalhando diretamente na campanha são o Fabio [Camargo, deputado estadual] e o [Renato] Adur, ex-deputado que coordena a campanha.”
O desempenho do filho nas pesquisas não surpreende. “Através do rádio, ele [Ratinho Júnior] foi criando comunidades que são pontos de apoio. Esses pontos estão dando essa consistência”, diz. “O curitibano não quer nada mirabolante, não quer mais um Museu do Olho. Ele quer que a calçada seja bem feita, um novo modelo de ônibus.”
Ratinho tem dado palpites nos programas de televisão do filho, mas diz que nem sempre é ouvido. E garante que a sua carreira política acabou. Ele diz que, caso o filho seja eleito, não participará da administração.
“O Luciano foi testado e aprovado”, afirma Beto Richa
O governador do Paraná tem interesse direto na eleição municipal de Curitiba e não esconde isso. A reeleição do prefeito Luciano Ducci (PSB) é ponto crucial no plano de Beto Richa (PSDB) de renovar o mandato no governo do estado em 2014. O governador não tem medido esforços. A cada caminhada e carreata pelos bairros, Richa está ao lado de Luciano. Em praticamente todos os programas eleitorais de televisão a figura do governador é recorrente. “O Luciano é um prefeito testado e aprovado. A aprovação popular da sua gestão é alta e é considerado, nas pesquisas nacionais, o melhor prefeito do Brasil. Eu não tenho dúvida que ele é o mais preparado”, diz Richa.
Esforço parecido tem sido feito pela primeira-dama do estado, Fernanda Richa, que pediu exoneração da Secretaria da Família para percorrer os bairros da capital pedindo votos. Outros secretários estaduais também devem entrar na campanha em caso de segundo turno.
É possível que o próprio Richa se licencie do governo, em um eventual segundo turno, para se dedicar à campanha de Ducci nos dias que antecedem a eleição. A intenção é tentar transferir a grande popularidade do tucano em Curitiba para o candidato à reeleição.
Richa usa o tom de cautela ao falar em 2014 e não pensa em um cenário diferente senão o da vitória de Luciano Ducci. Caso os planos de Richa e Luciano não se concretizem, o governador admite conversar com o futuro prefeito. “Eu espero contar com o apoio de todos os prefeitos do Paraná se eu for candidato em 2014”, afirma.
Paulo Bernardo: “Fruet não precisa de medalhão”
Responsável pela estratégia de aproximação entre o PT e Gustavo Fruet (PDT), o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, diz que o candidato “não precisa de medalhão” para fazer campanha. “A principal referência é ele mesmo, por tudo o que ele já fez na política, pelo currículo que construiu”, afirma Paulo Bernardo. A propaganda eleitoral do pedetista, no entanto, enfatiza o apoio de duas “madrinhas”, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e a presidente Dilma Rousseff.
Mulher de Paulo Bernardo, Gleisi tem destaque nos programas de televisão, enquanto Dilma não gravou qualquer mensagem personalizada para a campanha de Fruet. Até agora, a presidente fez vídeos para candidatos do PT e de legendas da base aliada ao governo federal em pelo menos cinco capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Manaus e Salvador).
O ministro cita que, pelos cargos que ocupam, ele e Gleisi têm limitações para participar pessoalmente de eventos da campanha. Além disso, ambos estão envolvidos em disputas em outros municípios. “Temos ficado em Brasília, normalmente, de segunda a sexta. Quando é possível, chego na sexta à tarde. Mas a Gleisi chega na sexta à noite.”
Apesar disso, ele diz que é possível colaborar. “A Gleisi tem andado com o Gustavo pelos bairros, mas os grandes veículos de campanha são o rádio e a televisão.” Também negou que os petistas estejam deixando Fruet para apoiar Ratinho Júnior (PSC). “O PT e as suas lideranças públicas estão na campanha do Gustavo.” Por outro lado, o ministro admite que não possui instrumentos para fazer com que todos os simpatizantes ao PT sigam essa orientação. “Nossa função é convencer, mas não podemos obrigar ninguém a votar no nosso candidato.”
Requião: “Lançamos o greca por respeito a Curitiba”
Quando venceu a eleição para prefeito de Curitiba, em 1985, Roberto Requião começou uma rivalidade com Jaime Lerner que com os anos se transformou no Atletiba da política paranaense. Nessa disputa, poucos mudaram de time. Um dos raros exemplos é Rafael Greca, que se elegeu prefeito em 1992 como candidato de Lerner e agora tenta voltar ao cargo tendo Requião como principal cabo eleitoral.
Avalista de Greca no PMDB, Requião diz que o passado de conflitos está superado. “Isso não tem importância. O que interessa é o que o Greca é hoje”, afirma o senador. “Não é pelo fato de que eu briguei com o piloto de um Boeing que eu vou recomendar que você pilote o avião.”
O apoio de Requião foi fundamental para o PMDB lançar Greca. Antes da convenção municipal, a maioria dos deputados estaduais defendeu uma aliança com Luciano Ducci (PSB). O senador diz que a escolha foi influenciada pela qualificação de Greca. “O PMDB e eu apoiamos e lançamos o Greca por respeito a Curitiba. É o único candidato com experiência suficiente, que tem uma visão da cidade”, diz. “Trabalhou comigo no governo [do estado], tem ideias, tem competência, tem formação profissional”. Para Requião, seu candidato é “melhor que todos os outros juntos.”
Sobre o peso de seu apoio, o senador diz que nunca se utilizou da máquina pública para fazer campanha. Desde que deixou a prefeitura, em 1989, nenhum dos candidatos apoiados por ele para prefeito ou governador se elegeram. “Quando fui governador, por exemplo, nunca me licenciei para apoiar um ou outro. Sempre achei que escolhi o melhor candidato, mas eleições têm outros fatores.”
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