Na última semana do mês de agosto realizou-se o Festival de Dança da Rede Municipal de Educação de Curitiba, evento que anualmente se propõe a organizar apresentações de dança das escolas da Rede.
Nossa escola, como todo ano, teve sua participação no penúltimo dia do evento. Desde o início do mês de agosto, as crianças estavam ensaiando. Avisamos à Equipe de Educação Física da Secretaria Municipal de Educação que precisávamos de um ônibus adaptado para nosso aluno cadeirante que iria se apresentar com os colegas. Foi-nos garantido, incluindo uma ordem de serviço enviada à escola, que este ônibus lá estaria às 13 horas do dia marcado.
Chegou o dia da apresentação e o ônibus não foi enviado no horário prometido. Sendo enviado só depois que entramos em contato com a empresa responsável (vencedora de uma licitação específica pra isso). O ônibus chegou com quase duas horas de atraso, e não era adaptado...
Chegamos ao teatro depois de iniciadas as apresentações e além de sermos impedidos de fazer o reconhecimento do palco (visto que não chegamos no horário previsto), tivermos de ser remanejados para a última apresentação da tarde.
Nesses acontecimentos estão presentes uma série de desrespeitos da Prefeitura Municipal de Curitiba, via Secretaria Municipal de Educação ao trabalho das professoras envolvidas, às crianças e às suas famílias.
A Prefeitura realizou a contratação, com dinheiro público, de empresas de ônibus para atender às demandas da Secretaria de Educação, são ônibus que, segundo alega a Prefeitura, dispõem de melhores condições e segurança para levar as crianças. Porém, além da falta de competência para realizar sua tarefa, viu-se que os ônibus enviados não apresentavam a tal segurança prometida, não tinham cinto de segurança e o micro ônibus utilizado para retornar com as crianças à escola era pequeno demais para transportá-las de forma segura.
Outro grande desrespeito se deu com nosso aluno cadeirante. Fala-se tanto na qualidade da inclusão nas escolas de Curitiba, elogia-se muito (e isso se dá devido ao empenho do corpo docente e equipe pedagógico administrativa), o trabalho que nossa escola desenvolve e, no entanto a Prefeitura, através de sua concepção de gestão educacional e das empresas que contrata para prestar serviços, não faz a sua parte. Colocou nosso aluno em situação difícil, ao não enviar o ônibus apropriado para ele, sendo que a situação só não foi pior porque sua mãe, sempre presente, garantiu que seu filho não fosse excluído desse momento para o qual se preparou durante todo mês de agosto.
Ao propor a realização do Festival de Dança, a Secretaria de Educação, através da equipe de Educação Física, não disponibiliza, como sempre é reivindicado pelos professores, o registro das apresentações por meio de filmagem profissional, não garante nenhum tipo de verba para a utilização específica nesse evento e nesse ano, não garante sequer os meios de transporte adequados para transportar nossos alunos, causando atrasos e constrangimento à equipe da escola e aos familiares presentes no evento.
Sendo assim, eu, professora da Rede Municipal de Educação de Curitiba, venho por meio desta carta manifestar meu repúdio à Prefeitura Municipal de Educação e à sua Secretaria Municipal de Educação pela falta de respeito expressa nos fatos ocorridos nesse Festival de Dança. Se ainda participamos desses espaços, o fazemos em função de nossos alunos, com a expectativa de lhes proporcionar um espaço de educação diferenciado e fundamental para sua formação, porém, nós professores não somos missionários, nem santos e merecemos respeito e as condições de trabalho necessárias para o desempenho de nosso trabalho. Nossas crianças não são figurantes de peças publicitárias que demonstram a qualidade da educação de Curitiba e merecem respeito e uma escola pública de qualidade.
Curitiba, 31 de agosto de 2012.
Francis Madlener
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