sábado, setembro 29, 2012

Planejado para ser um novo bairro, Neoville agora quer atrair comércio



A explosão do mercado imobiliário nos últimos anos impulsionou os lançamentos no Neoville, uma área de 1 milhão de metros quadrados na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), que até cinco atrás era um vazio urbano e que começa a formar um novo “bairro” na região Sul da cidade. O projeto, que começou a ser tocado pela família do ex-governador Jayme Canet Júnior, dona da área, já lançou em empreendimentos imobiliários cerca de 50% da área líquida de terrenos – de 609 mil metros quadrados. Atualmente já vivem lá cerca de 2 mil pessoas.
O Neoville tem até agora três empreendimentos prontos - dois condomínios de sobrados e um condomínio fechado. A proposta é que até 2017 a incorporação imobiliária resulte em um Valor Geral de Venda (VGV) de até R$ 2,3 bilhões, segundo a diretora presidente da Canet Júnior Desenvolvimento Imobiliário S.A, Fabiana Canet. A estimativa é que até lá 20 mil pessoas passem a residir na área, o equivalente à população de um bairro como o Alto da Glória.
Passado
Área, na CIC, abrigou fazenda de gado da família Canet
No passado, o terreno do Neoville foi usado como fazenda de gado da própria família Canet. Por quase 30 anos o espaço permaneceu intocado no meio da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), o bairro mais populoso da cidade e conhecido por abrigar a primeira fase de industrialização da capital, na década de 1970. A CIC congrega 5,7 mil empresas e uma população de 174,3 mil habitantes. Se fosse um município, seria o nono maior do estado. Sozinha, essa região representa 10% da área de Curitiba.
Desde a criação do Jardim Social, no fim da década de 1960, não há um loteamento não popular do porte como o Neoville em Curitiba. Ao contrário do Ecoville, que surgiu por uma iniciativa de um conjunto de construtoras e que abrangeu vários terrenos de diferentes donos, o Neoville surge da área de um único proprietário.
Localizado no Mossunguê, o Ecoville é outro exemplo de fenômeno de recente exploração imobiliária. Até a década de 1980, população e mercado não davam muita importância para a região, composta por casas e chácaras em meio a mais de 800 mil metros quadrados de área verde cortada por duas largas vias rápidas.
Foi a partir dos nos 90, que quatro construtoras – Hauer, Casa Construção, Moro e Thá – “descobriram” a região e começaram a construir empreendimentos residenciais verticais de alto padrão, depois de uma mudança na lei de zoneamento para a região.
Segundo Fabiana, a intenção para 2013 é reforçar negociações para a atrair investimentos na área de serviços, como supermercado, shopping e escolas. “Fomos procurados por um grupo da área de shopping center de fora de Curitiba. Mas foi, por equanto, somente uma prospecção”, diz ela, sem dar mais detalhes. “Essa será a nossa segunda fase do Neoville. Antes precisávamos criar a demanda para que pudéssemos atrair esses investimentos comerciais”, afirma.
O terreno, unido pela rua Pedro Gusso à Avenida das Indústrias, pertence à família Canet há mais de 60 anos – antes mesmo de Jayme Canet Júnior ser nomeado governador, em 1975, pelo então presidente Ernesto Geisel. Há alguns anos, a área chegou a ser alvo de propostas de compra por parte de grandes indústrias, mas a família recusou as ofertas.
Todos os projetos tem a incorporação da empresa, mas o grupo fez uma parceria com a Thá no maior empreendimento até agora do bairro, o Barcelona Neoville, com 576 apartamentos em 12 torres, que deve ser entregue em três etapas: fevereiro, junho e dezembro de 2013. O Valor Geral de Venda é de R$ 105 milhões. O empreendimento deve abrigar mais 2,5 mil pessoas. A Canet detém 70% do negócio e a Thá os outros 30%. Além desse, há as obras do Vila Tenerife, de sobrados. Até agora foram entregues 24 unidades, de um total de 55 previstos até o fim do ano.
O grupo é responsável pela infraestrutura, como arruamento, serviços de água, esgoto, drenagem, iluminação e sinalização. Até agora, segundo Fabiana, foram investidos R$ 25 milhões – um terço do total previsto. Ao todo são 522 lotes, 39 quadras, 11 quilômetros de ruas. “As obras de infraestrutura contribuíram para a valorização dos preços dos imóveis”, diz.
O preço do metro quadrado de área útil um sobrado passou de R$ 1,3 mil em 2007 para R$ 2,7 mil agora. Os apartamentos acumulam valorização equivalente e hoje valem cerca de R$ 3,7 mil o metro quadrado de área útil. Em média os valores dos imóveis variam de R$ 177 mil a R$ 233 mil. De acordo com um levantamento feito pela Brain Consultoria a pedido do grupo Canet, o morador do Neoville tem em média de 31 a 40 anos, com filhos e renda familiar entre R$ 6 mil e R$ 8 mil. A maioria morava na região sul de Curitiba.
Para o próximo ano, a previsão não é lançar novos empreendimentos imobiliários. As compras estão mais lentas e seletivas, segundo Marcelo Canet Krause, membro do conselho da empresa. “Hoje o comprador está informado e quer entrega no prazo”, diz.
Fonte: Gazeta do Povo 29/09/2012

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