eleição secreta contará com 115 cardeais e terá início sem um franco favorito, embora o italiano Angelo Scola e o brasileiro Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, venham sendo apontados como candidatos mais fortes nos últimos dias.
O processo termina quando um concorrente formar maioria de dois terços, ultrapassando 77 votos. Hoje só está prevista uma votação, e os fiéis devem esperar ao menos mais um dia até ver a fumaça branca na chaminé da Capela Sistina, simbolizando a escolha de um novo papa.
“Amanhã (hoje) é de se esperar a fumaça negra”, avisou o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi.
Os últimos 15 conclaves levaram no mínimo dois dias. A primeira votação costuma servir como uma espécie de peneira para selecionar os nomes que vão polarizar a eleição.
Além de Scola e Scherer, aparecem nas listas dos mais cotados o canadense Marc Oullet, os americanos Sean O’Malley e Timothy Dolan, o húngaro Peter Erdo e o italiano Gianfranco Ravasi.
Diante de um cenário incerto, a maioria dos vaticanistas não descarta uma surpresa, a exemplo da eleição de João Paulo II, em 1978.
Entre as principais incógnitas deste ano, está a influência do papa emérito Bento XVI, que continua recolhido na residência de Castelgandolfo. Ele nomeou 67 dos 115 votantes e não declarou preferência por um candidato.
A imprensa italiana tem apresentado Scola como o cardeal que representaria a ala reformista da Igreja. Scherer é visto como o mais próximo à Cúria. Embora o Brasil tenha a maior população católica do mundo, o país só tem cinco cardeais entre os eleitores. Mais um deles, João Braz de Aviz, também é citado entre os possíveis candidatos.
O ritual da eleição secreta será iniciado às 7 h (3 h de Brasília), quando os eleitores começarão a chegar. Às 10h30, eles rezarão missa na Basílica de São Pedro, em sua última aparição pública.
A procissão para a Capela Sistina, local das votações secretas, está marcada para as 16h30. A partir daí, as portas serão trancadas e os eleitores ficarão a sós para decidir diante do afresco do “Juízo Final” de Michelangelo.
Análise
Nova evangelização e reforma da Cúria são os desafios do novo pontífice
Nova evangelização e reforma da Cúria são os desafios do novo pontífice
Inês Migliaccio, especial para a Gazeta do Povo
Os principais desafios do próximo papa, no entender de religiosos e especialistas entrevistados pela Gazeta do Povo, são a nova evangelização e a reforma da Cúria Romana. Mas, o que qualificaria de nova uma evangelização milenar como a da Igreja, que nasceu com ela quando Jesus Cristo a fundou? E o que significa reformar a Cúria?
De acordo com o canonista espanhol Jesús Miñambres, estas duas frentes tem um nexo em comúm pelo fato de que o último Conselho Pontifício criado por Bento XVI, na Cúria Romana, tenha sido justamente o da nova evangelização. Segundo ele, “a Cúria Romana poderá ser mais eficaz no governo da Igreja com um trabalho interno mais integrado, com vistas para fora”. Para Miñambres, muitos membros da Igreja solicitam mais proximidade do pontífice e desejam ser ouvidos sobre sua realidade. Por outro lado, “quando mais informação direta obtenha o novo papa, mais poderá governar com eficácia”.
O nova yorquino Father David P. Dwyer, diretor da Busted Halo – uma iniciativa que surgiu em 1958, com quatro protestantes convertidos ao catolicismo e que se tornaram missionários redentoristas –, disse acreditar que a nova evangelização “deve partir da busca por conhecer a cultura contemporânea em seus próprios termos, para apresentar a mensagem do Evangelho de forma que seja convincente, mas não diluída, de modo que a plenitude da fé católica possa levar outros a encontrar profunda paz de Cristo”. Para este fim, “usamos impressoras, câmeras de cinema, e a internet para dar voz às palavras de Cristo a uma nova geração de americanos”, destacou.
Já o sacerdote Jean Farda Tanism, do Haiti, analisa que em seu país, a nova evangelização deve ser básica, ajudando a tirar os pobres da miséria. “Estamos destroçados. E tratar de internet e de novos meios para isso é alcançar os poucos ricos do país”, disse.
O jornalista da Revista Família Cristã, Fernando Geronazo, assinala que a chamada nova evangelização não anula o que tem sido feito durante todos esses séculos pela Igreja. “Mas, é preciso que o anúncio do Evangelho seja feito com uma linguagem nova, dinâmica, para enfrentar os desafios próprios do mundo de hoje. Claro que, ao falar sobre novas linguagens, também podemos destacar as novas maneiras de se comunicar e os novos conceitos que decorrem das novas tecnologias”, analisou.
O diácono e jornalista Pedro Fávaro Júnior, define a nova evangelização como “aquela que encarne de fato o testemunho de amor desinteressado aos mais necessitados, aos sem esperanças, aos excluídos, aos expatriados. Que encarne o perdão sem condições aos inimigos. Que seja o rosto de Deus estampado no Cristo Crucificado, que seja vigorosa e destemida e dê destaque sobre tudo à fé que justifica e santifica, revelada ´aos pequeninos´”.
Para a professora de Física, Cristina Azevedo, a nova evangelização deve mostrar coerência entre “fazer e dizer”, com uma linguagem e comunicação adequadas às pessoas que ouvem. “Algumas palavras, como fraternidade, solidariedade, amor estão muito desgastadas pelo mau uso e precisamos recuperar o sentido delas”, analisou.
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