A maior parte das agressões físicas, psicológicas e sexuais contra crianças e adolescentes é cometida por uma pessoa próxima à criança, em geral familiares. A informação é importante para o debate de formas de combate à violência, reforçados pela comemoração do Dia Nacional de Combate à Violência, Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, lembrado no dia 18 de maio.
Dados do Sistema de Informação para a Infância e Adolescência (SIPIA) - alimentadas por conselheiros tutelares - indicam que mais de 50% dos casos de violência contra a criança são cometidos por familiares.
A informação é confirmada por dados divulgados pelo Hospital Pequeno Príncipe, que atendeu, em 2010, 330 crianças que sofreram algum tipo de violência. Destes casos, 224 foram de violência sexual, 66% delas cometidas por familiar e em outros 21% dos casos o agressor era conhecido da criança.
A idade das vítimas de violência atendidas pelo hospital também assusta: 57% dos 224 casos de violência sexual ocorreram contra crianças menores de cinco anos, 26% contra bebês com menos de dois anos de idade.
O médico ortopedista pediátrico, Edilson Forlin, explica que a violência ocorre contra crianças pequenas geralmente porque o agressor se sente mais seguro, uma vez que há menores chances da vítima reagir ou relatar o abuso.
Forlin explica ainda que o combate a este tipo de violência é essencial porque, ao contrário do que se imagina, não se trata de um momento de descontrole do adulto e sim de um comportamento recorrente. Nos casos atendidos pelo hospital no ano passado, em 34% a agressão sofrida não era a primeira e em 30% destes casos a violência era crônica.
Para o médico, vizinhos, professores e profissionais de saúde devem denunciar os casos, mesmo que existam apenas indícios de violência para que o fato possa ser apurado pelo poder público. "Sempre que a gente faz um comunicado de uma agressão é principalmente para evitar que isso se repita. Um trabalho americano comprova que pelo em menos 30% dos casos a agressão se repete e em 5% desses a criança é assassinada."
Reconhecimento
Para ajudar no combate à violência o médico afirma que é preciso estar atentos aos sinais deixados pela agressão. Manchas roxas ou vermelhas, alteração de comportamento, mudanças na alimentação e agressividade podem ser indícios de que a criança tenha sofrido um tipo de abuso.
Dar atenção aos relatos e buscar entender algo que é contado pela criança também é importante, uma vez que, segundo o médico, nesta idade os relatos de violência podem ser realizados na forma de histórias ou metáforas, principalmente porque a criança sente medo e insegurança, principalmente por o agressor ser alguém próximo a ela. "É importante estar atento e denunciar quando o relato sobre o ferimento com está de acordo com a lesão apresentada", diz. Outros aspectos que devem ser observados são a higiene da criança, queimaduras ou o atraso na procura de atendimento médico para o tratamento.
De acordo com a coordenadora de Proteção Social Especial da Secretaria de Estado da Criança e da Juventude, Aline Pedrosa Fioravante, o problema é bastante complexo, porque reflete uma cultura de violência inserida na sociedade. "É preciso informar, preparar as pessoas para uma discussão mais qualificada e entender que a gente não precisa reproduzir eternamente esse ciclo de violência."
Segundo ela é possível denunciar anonimamente os casos de suspeita de violência contra a criança e o adolescente pelos números Disque 100 (nacional) ou Disque 181, estadual. A sociedade também pode obter informações sobre a mobilização no combate à violência pelo site www.doesuavoz.pr.gov.br
Via Parana online
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