Após a greve da Polícia Militar da Bahia e da deflagração de greve no Rio de Janeiro, o governo Federal teme um efeito dominó. No Paraná, as negociações não evoluíram e os policiais já fazem manifestações veladas. A greve não está descartada. Em entrevista à Banda B, o coronel Elizeu Ferraz Furquim, da AMAI (Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares), disse que os policiais estão “cansados de esperar”.
O Coronel Furquim diz ser contra a greve da PM por ser o último recurso que um cidadão tem de se defender e que “farão de tudo para evitá-la”, mas que o retrocesso das negociações com o governo estadual pode dificultar. “Eles ofereceram o subsídio, nós temos outras questões que devem ser acabadas antes desse subsídio, em termos de remuneração, em termos de implementação dos cursos superiores, e isto não está acontecendo”, lamentou.
Na manhã desta sexta-feira já era possível observar uma manifestação velada por parte de alguns policiais, como buzinaços e sirenes ligadas em forma de protesto, em Curitiba, região metropolitana e litoral. Furquim diz que toda manifestação é dentro da legalidade e permitida pela constituição. “É justa a reivindicação e a manifestação dos nossos companheiros, nós só pedimos que não haja é supressão de qualquer espécie de serviço, como descumprimento de ordens”, disse.
Segundo ele, os comandos da PM continuarão com manifestações pacíficas.
Ofício Amador
Segundo o coronel, a última proposta feita por uma comissão do governo era muito amadora. “Entregamos a nossa proposta formalmente ao secretário de Segurança Pública e recebemos um ofício muito amador. Trazia redução salarial e medidas restritivas de ações já consagradas”, afirmou.
“Nós não apoiamos a greve, a nossa sociedade já tem sofrido muito e precisa de uma polícia que passe tranquilidade, uma coisa que a greve não oferece”, diz.
Segundo o coordenador do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da UFPR, Pedro Bodê, a greve dos policiais, se vir a acontecer, é legítima, como qualquer outra greve de trabalhadores. “O policial tem que se sentir protegido para proteger a sociedade e isso passa por condições dignas de salários", diz.
Furquim reclama ainda de como o governo está coordenando as conversas com o governo. “Eles são uma maquina gigante e querem deixar que seu adversário (policiais) se desgastar, mas nós não podemos deixar é que o stress desça as nossas bases, as manifestações e os movimentos dentro da legalidade tem o nosso apoio, mas desde que seja dentro da cobertura da constituição”, disse.
Divisor de águas
Bodê diz que esse fenômeno de greves ainda não pode ser dimensionado para a sociedade, mas demonstra uma insatisfação das categorias de base da polícia e que os policiais agora estão se organizando politicamente.“Não podemos ver isso como bagunça, a PM tem todo o direito de se movimentar como qualquer trabalhador, mesmo sendo uma categoria especial. Nós não podemos criminalizá-los”, afirmou.
O professor afirma que esse movimento pode trazer uma nova maneira se fazer polícia, mas que a sociedade, através de discussões em várias estâncias. “É necessário uma reformulação da PM e essa reformulação passa por um entendimento e uma nova relação entre a sociedade e polícia. A reformulação tem de ser profunda e esse é o momento, sem medo de tentar fazer mudanças”, completou.
"Fonte" Banda B
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