Principalmente em regiões com obras consideradas mais complexas, como nas ruas Augusto Stresser e Fagundes Varela, e na Avenida das Torres (veja infográfico). Devido à presença de máquinas e operários, o tráfego precisa fluir preferencialmente por vias alternativas. “Nessas situações, ou o motorista encontra rotas alternativas ou fica preso no trânsito”, diz o urbanista Ricardo Berti, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Asfalto
A capital dispõe de duas usinas de asfalto – uma na Cidade Industrial e outra no Abranches. Juntas, produzem por dia em torno de mil toneladas. Essa produção é toda utilizada nas intervenções viárias feitas pelas equipes próprias da Secretaria Municipal de Obras e dos distritos de manutenção das Administrações Regionais, segundo a prefeitura. Mas nem todo o asfalto utilizado em obras públicas é oriundo das usinas. Empresas terceirizadas contratadas via licitação devem fornecer a própria massa asfáltica.
Fredolin Wolf
As obras de revitalização da Avenida Fredolin Wolf, no Pilarzinho, foram retomadas em junho após a realização de uma nova licitação. A revitalização da via, iniciada em maio de 2010, foi suspensa no fim do ano passado porque o consórcio encarregado pelas obras não cumpriu o cronograma. Com a anuência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que financia o projeto, a prefeitura rescindiu o contrato. A previsão é que até o fim do ano as obras sejam, enfim, finalizadas.
Opinião
As obras deveriam ser realizadas ao mesmo tempo?
SIM
“Ao fazer as obras simultaneamente, a prefeitura optou por um espaço menor de tempo de transtornos. Com as obras sendo realizadas todas juntas, elas começam e terminam praticamente ao mesmo tempo, causando menos problemas aos motoristas.”
Ricardo Berti, urbanista.
NÃO
“Teria como evitar os transtornos. Se todas essas obras fossem de fato necessárias, poderiam ter começado algumas antes para não causar tanto problema aos motoristas. As obras foram represadas para serem realizadas em um mesmo momento.”
Fábio Duarte, urbanista.
Mas é difícil manter a paciência quando se está em um local em obras. Na Augusto Stresser, por exemplo, os motoristas reclamam do caos no tráfego. “Está muito difícil circular por aqui. As obras andam devagar e obrigam a gente a fazer desvios enormes”, afirma o comerciante Vilmar dos Santos, 38 anos. “As intervenções são feitas em horário comercial, o que dificulta ainda mais o trânsito na região”, concorda o estudante Leandro Oliveira, 25 anos. O comerciante Leandro Putziger, 32 anos, vai além e acusa falta de planejamento do poder público: “Não é possível tocar muitas obras de grande porte ao mesmo tempo. Caso contrário vira o caos que estamos vivendo”.
Planejamento
Por meio de nota, a prefeitura informa que o plano de obras busca causar menos transtorno possível. “O trabalho é feito em etapas menores para reduzir ao máximo o impacto no trânsito e na vizinhança. Sempre que possível, a obra é feita em uma pista de cada vez, com bloqueios parciais, em que o trânsito é sinalizado”, diz o texto.
Mas, para o urbanista Fábio Duarte, que também leciona na PUCPR, as obras foram realizadas todas em um único momento visando o atual cenário eleitoral. “Os recursos foram represados para serem gastos neste ano, já que é um período de eleição municipal”, pontua.
Berti considera que grande parte dessas obras demonstra que o poder público não realiza a correta manutenção das vias na cidade. “O asfalto é produzido para durar uma média de dez anos. A partir do sétimo ano já se deve fazer uma manutenção. E isso não acontece”, afirma. Segundo ele, as operações tapa-buraco, por exemplo, são obras de intervenção que se tornaram necessárias justamente pela falta de manutenção. Das 171 obras em andamento na capital, cerca de 150 delas correspondem a reparo de vias. O prazo médio de conclusão de cada obra desse porte gira em torno de duas semanas.
A prefeitura estima que somente neste ano sejam aplicados R$ 204 milhões nas obras. Valor que deve aumentar com o andamento de outros projetos previstos para serem concluídos em 2013. Apenas o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Copa resultará em um financiamento total de R$ 211 milhões.
Dentre as principais obras de mobilidade na capital via PAC estão a Linha Verde Sul, o corredor Aeroporto–Rodoviária e a requalificação da Avenida Marechal Floriano, que visam melhorar o acesso à cidade de São José dos Pinhais e ao terminal aéreo do Afonso Pena.
Mobilidade
Maioria esmagadora do plano de obras prioriza o transporte individual
Se o trânsito está congestionando por causa das obras, a melhor saída é investir em ônibus e sistemas alternativos. Mas, curiosamente, a maior parte dos 125 quilômetros (km)sob algum tipo de intervenção privilegia o transporte individual e não abriga um conceito mais amplo de mobilidade.
Apenas quatro obras, por exemplo, visam a melhorias no sistema público de transporte: a Linha Verde Sul terá a linha Pinheirinho/Carlos Gomes estendida até o Contorno Sul; na Linha Verde Norte, haverá um ônibus até o bairro Atuba; na Avenida Marechal Floriano, além da extensão da canaleta do ônibus expresso, estuda-se a implantação de uma linha até São José dos Pinhais; e as obras de desalinhamento das estações-tubo das Avenidas Paraná e João Gualberto para implantação do ligeirão.
O urbanista Ricardo Berti diz que é necessário pensar maneiras de melhorar o trânsito como um todo. “Para isso deve-se mudar o padrão de transporte do cidadão. Uma das formas é a criação de ciclovias e políticas que estimulem o uso da bicicleta”, assinala.
Curitiba tem hoje 120 km de ciclovias e ciclofaixas e o plano é chegar a 400 km até 2014. Ao todo, segundo a prefeitura, estão em construção 30 km de vias exclusivas para ciclistas – a maioria deve ser finalizada no final do próximo ano. Dentre os principais trechos com previsão de ciclofaixas estão as ruas Eduardo Pinto da Rocha (5 km) e Fredolin Wolf (7,6 km), e as avenidas Marechal Floriano Peixoto (14 km) e Comendador Franco (10 km).
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