domingo, agosto 26, 2012

Primeira lombada eletrônica do Brasil completa 20 anos em Curitiba

Equipamento está instalado em frente a uma escola no bairro Xaxim.
Atualmente, há outras 50 lombadas instaladas pela capital paranaense.

Lombada eletrônica (Foto: Ariane Ducati/G1)

Lombada eletrônica multa veículos que passam com
velocidade acima dos 40 km/h (Foto: Ariane Ducati/G1)
A primeira lombada eletrônica do Brasil foi instalada em Curitiba há 20 anos, em 20 de agosto de 1992. A ideia do equipamento que registra a velocidade do veículo no local surgiu após um acidente de trânsito, provocado por uma lombada física ou 'quebra-molas'.

O primeiro modelo eletrônico foi instalado na Rua Francisco Derosso, no bairro Xaxim, em frente a Escola Municipal Francisco Derosso, e continua no mesmo lugar até hoje.

Elza da Silva Vieira, inspetora do colégio há 13 anos, contou ao G1 que a lombada que impõe limite de 40 km/h traz segurança para os alunos. “Principalmente nos horários de pico, no início e no fim da manhã, é muito bom. Os veículos diminuem a velocidade para a gente atravessar”, comentou.

Para Glauci Patussi Brum, que mora a cerca de 50 metros da lombada há quase 30 anos, a instalação do equipamento “foi uma benção”. “Sempre foi muito difícil atravessar a Francisco Derosso e com a lombada foi uma maravilha. Agora, a maioria respeita os 40 km/h”. Ainda segundo Glauci, logo que o dispositivo foi instalado era comum ouvir a sirene disparar quando um veículo cruzava acima do limite de velocidade.
Glauci Brum - vizinha da lombada (Foto: Ariane Ducati/G1)Glauci Brum, vizinha da lombada há 30 anos, conta que logo
na implantação do equipamento ela ficava só escutando
os motoristas sendo multados por ultrapassarem o limite
de velocidade (Foto: Ariane Ducati/G1)
“A gente ficava na janela só ouvindo a sirene e falávamos: lá vai, mais uma multa”, e riu. A moradora lembrou que no início dos anos 1990 um aluno do colégio chegou a ser atropelado ao atravessar a via, mas depois da lombada “não teve mais atropelamento”.

O dono da empresa de autopeças que também fica em frente à lombada ainda lembra quando a lombada foi instalada. “Era irritante no começo por causa da sirene, no quarto ano eu já não aguentava mais. Hoje já não se escuta, o pessoal respeita”, contou Emerson Ribeiro.

O empresário que é a favor das lombadas para ajudar a evitar acidentes ainda entregou que por um descuido uma vez foi multado por uma delas. “No quinto ano de instalação da lombada aqui na frente, esqueci e passei direto. Foi só uma vez e nunca mais”.
Lombada da Francisco Derosso (Foto: Ariane Ducati/G1)Lombada da Rua Francisco Derosso fica em frente a uma
escola municipal e uma empresa de autopeças
(Foto: Ariane Ducati/G1)
De acordo com a Prefeitura de Curitiba, atualmente há 51 lombadas eletrônicas instaladas em diferentes pontos da cidade. De janeiro a junho deste ano, 27.772 multas foram aplicadas nestas lombadas.

Mesmo sem estatística sobre o número de acidentes nesses locais, a Secretaria de Trânsito (Setran) afirma que é consenso que nos locais onde existem lombadas eletrônicas é notada a redução de acidentes, já que os motoristas observam de longe o equipamento e diminuem a velocidade.

A diretora de engenharia da Setran, Guacira Civolani, afirmou que o pioneirismo de Curitiba na instalação de lombadas eletrônicas esteve ligada ao caráter inovador da cidade. Segundo ela, uma empresa privada procurou a prefeitura na ocasião para apresentar o equipamento que fiscalizasse a velocidade na via pública. “Foi uma união de ideias”, acrescentou.
Instalação de lombadas eletrônicas esteve ligada ao caráter inovador da cidade.
Na hora de se optar por uma lombada eletrônica ou um radar, por exemplo, os profissionais da área de trânsito avaliam a quantidade de pedestre e de carros no local. Civolani explicou que o radar visa manter uma velocidade média dos carros durante toda a extensão da via, já a lombada eletrônica tem o intuito de reduzir a velocidade do carro em um ponto específico. 
Ainda que as lombadas eletrônicas se demonstrem eficazes, a diretora ressalta que o equipamento só é necessário porque existe o desrespeito à sinalização de trânsito. “Se tivéssemos o respeito, evitaria mais gastos [da prefeitura] com a aquisição e manutenção do equipamento”, enfatizou.
A instalação de lombadas
A instalação dos equipamentos ocorre a partir de solicitações da população. O morador entra em contato com a prefeitura e faz a solicitação. Um engenheiro de trânsito vai até o local e faz uma avaliação e, se for necessário, é realizada uma pesquisa para verificar a quantidade de pedestres e de carros no horário de pico, entre 17h e 19h. Nem sempre a melhor opção é a lombada eletrônica. De acordo com a diretora Civolani, a maioria dos pedidos não é atendida porque uma faixa elevada ou uma ilha de travessia – para que o pedestre atravesse a rua em duas etapas - resolve o problema. “Essas correções geométricas, normalmente, resolvem. A lombada é a ultima opção até por ser a mais cara”, explicou.

Suspeita de fraude
Em março de 2011, a Prefeitura de Curitiba rompeu o contrato de administração das lombadas e radares eletrônicos que era da Consilux, após suspeita de fraude em multas. Indícios apontaram que imagens de radares eram apagadas para que nenhuma multa fosse gerada.
Após o rompimento, a administração dos equipamentos passou para Secretaria de Trânsito (Setran), criada após a polêmica. Mas os radares e lombadas eletrônicas ainda hoje são alugados pela Consilux. O processo de licitação para a contratação de uma outra prestadora do serviço segue na Justiça.
"FonteG1

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