Para o doutor em Educação e professor do Núcleo de Políticas Educacionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ângelo Ricardo de Souza, a quantidade de escolas que cada estado conseguiu incluir entre as melhores posições deve ser relativizada, já que o número de colégios de ensino médio existentes em cada estado também é variável. No entanto, uma hipótese que justificaria a superioridade dos números de outras regiões é o fato de a UFPR, universidade com o vestibular mais concorrido do estado, dar ao Enem um peso baixo na seleção dos estudantes se comparado à importância que outras universidades federais conferem ao exame.
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Escolas top selecionam melhores alunos
Folhapress
A lista de melhores colégios possui escolas privadas que criaram unidades apenas com os melhores alunos. E muitas só surgiram depois que o MEC passou a divulgar as notas. Educadores dizem que os colégios têm criado artifícios para melhorar no ranking e, assim, a análise fica prejudicada, já que os melhores colégios não estão disponíveis a qualquer aluno.
Entre as 20 melhores escolas, ao menos três privadas que foram criadas após o início do ranking dizem fazer seleção de alunos. São elas: o Objetivo Integrado (SP), Elite do Vale do Aço (MG) e Motivo-Unidade 2 (PE) . “Quem faz isso [criar unidades para bons estudantes] não está preocupado em construir uma boa escola, que precisa contar com todos os perfis de alunos”, afirma Madalena Guasco Peixoto, professora da Faculdade de Educação da PUC-SP. Responsável pela rede Objetivo (cuja unidade Integrada foi a melhor do país, com nota 73,1), João Carlos Di Genio diz que há entrevista com candidatos, para selecionar o que pode formar uma “elite intelectual”. Ele afirma que não há provas.
Entenda
A nota divulgada ontem corresponde à média das quatro provas objetivas do Enem. A pontuação da redação não foi considerada. O MEC divulgou o desempenho de 10.076 escolas, 40,56% do total. A divulgação considerou apenas os colégios em que ao menos 50% dos concluintes do ensino médio participaram. Além disso, essas escolas deveriam ter no mínimo dez alunos no último ano do médio.
As 10 melhores escolas no Paraná
Colégio Positivo (sede) – 686,5
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) (Curitiba) – 655,2
Colégio Universitário (Londrina) – 647,8
Colégio Dom Bosco (Curitiba – Subsede IV) – 647,3
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) (Ponta Grossa) – 640,1
Colégio Marista Santa Maria (Curitiba) – 638,9
Colégio Militar de Curitiba (Curitiba) – 638,5
Colégio Bom Jesus Nossa Senhora de Lourdes (Curitiba) – 637,7
Colégio Nossa Senhora Medianeira (Curitiba) – 634,1
Bom Jesus Divina Providência (Curitiba) – 629,8
O Colégio Positivo (sede) e o câmpus Curitiba da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) são as únicas instituições do estado que entraram na lista das cem escolas do país com as maiores notas. O terceiro colégio paranaense mais bem colocado foi o Universitário, de Londrina, ocupando a 129.ª posição nacional.
Língua Portuguesa
Os alunos do Positivo atingiram 686,5 pontos, índice que deixou a escola na 16.ª posição no ranking nacional e na liderança no estado. Em 2010, o colégio não constava na lista geral dos 10 primeiros do Paraná. Na ocasião, a média do colégio foi 665,8.
Para Celso Maurício Hartmann, diretor do colégio, o salto se deve ao forte investimento em Língua Portuguesa feito pelo Positivo nos últimos dois anos. “Implementamos aulas exclusivas de redação, o que levou nossos alunos a lerem muito mais”, diz. O consultor em educação Renato Casagrande concorda com o motivo da evolução. “Como o Enem exige muita interpretação de texto, investir em Língua Portuguesa gera bons resultados.”
A UTFPR manteve-se como a instituição pública mais bem avaliada do estado. Com nota 655,2, os estudantes da Tecnológica garantiram o 92.º lugar no ranking nacional. Houve, no entanto, uma queda de 62,5 pontos em relação ao desempenho de 2010, quando a UTFPR atingiu 717,7 pontos e alcançou a 18.ª colocação. O acesso ao ensino médio da instituição se dá por meio de processo seletivo, o que confere à UTFPR a vantagem de ter um grupo de alunos altamente qualificado desde a matrícula.
Federais têm alto índice de participação
A participação dos estudantes no Enem revelou surpresas. Na UTFPR, 100% dos estudantes do ensino médio fizeram o exame, índice muito diferente do de 2010, quando apenas 48,6% compareceram para fazer a prova.
Para o professor Carlos Henrique Mariano, o expressivo volume de participação se deve à importância que os alunos da instituição dão ao Enem, graças à aceitação cada vez maior do exame por várias universidades públicas. Para ingressar na graduação da própria UTFPR, por exemplo, a nota obtida no Enem é o único critério de acesso.
No Colégio Universitário, de Londrina, a participação foi menor: apenas 61,3% dos alunos fizeram a prova. Mesmo assim o colégio teve um resultado positivo. Saltou da nona colocação no estado em 2010 para a terceira na edição de 2011, atingindo a nota 647,8.
O diretor Manuel Machado justifica o baixo interesse dos estudantes pelo exame devido à pouca relevância que as universidades estaduais do Paraná e de São Paulo dão ao exame. “O maior foco dos nossos alunos é a UEL. Um aluno que tenta Medicina, por exemplo, prefere se esforçar apenas para o vestibular”, diz.
As instituições federais foram as que registraram a maior média em volume de participação no estado (77,4%), seguidas pelas escolas privadas (72%) e só depois pelas estaduais (60%). Para o professor Ângelo Ricardo de Souza, as diferentes taxas de adesão têm relação com o papel da escola na vida das pessoas. “Por que fazer o Enem? As respostas serão distintas a depender do tipo de escola. Por isso, acho que comparar [escolas] desiguais com uma medida de igualdade não ajuda a compreender a realidade”, critica.
>>> Veja o resultado das escolas no Enem 2011:
Escolha o município e a escola e role à direita para ver os resultados.
Fonte: Gazeta do Povo 23/11/2012
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