Dois delegados e um investigador da Polícia Civil do Paraná foram presos por posse ilegal de arma e munição restrita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Paraná (MP-PR). As detenções ocorreram durante a operaçãoVortex, deflagrada para investigar uma rede de extorsão formada por policiais civis, incluindo delegados. Dezoito mandados de busca e apreensão foram cumpridos em duas delegacias da capital, uma divisão policial e nas casas dos policiais. As armas foram encontradas nas residências deles, e isso motivou as prisões.
Os delegados Gérson Machado, titular do 6º Distrito, Luiz Carlos de Oliveira, responsável pela Divisão de Crimes Contra o Patrimônio, e o investigador Aleardo Riguetto, do 6º DP, foram presos nesta quarta-feira (3).
Esquema investigado
Algumas equipes da DFRV que fazem fiscalizações em lojas de peças e ferros velhos de Curitiba e região estariam cobrando propina semanalmente para fazer “vistas grossas” a supostas irregularidades nestes estabelecimentos.
Segundo o Gaeco, o grupo é suspeito de acobertar investigações contra as lojas que pagariam propina.
Estranho
O flagrante de posse ilegal de arma feito pelo Gaeco contra o delegado chefe da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio, Luiz Carlos de Oliveira, deverá ser lavrado na Corregedoria da Polícia Civil. O procedimento, ainda não explicado, é diferente do adotado nos casos das prisões do delegado e do investigador do 6º Distrito Policial, Gerson Machado e Aleardo Riguetto. Os dois também foram presos acusados de posse ilegal de armas. No entanto, o flagrante deles está sendo lavrado no Gaeco (DR).
O caso de corrupção estaria ocorrendo há mais de um ano e a extorsão teria sido institucionalizada por meio da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio. Entre os locais em que foram cumpridos os mandados estão duas delegacias de Curitiba: a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) e 6º Distrito Policial, no bairro Capão da Imbuia. Além disso, a sede da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio , no centro da capital, e a casa de três delegados também foram alvo dos promotores do Gaeco. “Há indícios fortes de que havia corrupção na DFRV e na Divisão de Crimes Contra o Patrimônio”, disse o coordenador do Gaeco, Leonir Battisti, à imprensa nesta manhã.
Segurança Pública
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) divulgou nota oficial sobre a operação do Gaeco e afirmou que aguardará os desdobramentos da investigação.
Confira a nota da Sesp na íntegra: “A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) aguarda os desdobramentos da investigação sobre supostos desvios de conduta de policiais civis. A operação é coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com a participação de policiais civis e militares.
Os policiais que trabalham no Gaeco são designados pela própria Sesp, em função de um ato de cooperação formalizado com o Ministério Público. A Sesp reforça que não tolera irregularidades em qualquer esfera da administração”.
O governador Beto Richa também se pronunciou sobre o caso e disse que – se as investigações comprovarem as irregularidades – os policiais envolvidos serão punidos rigorosamente.
Outro lado
O delegado Gérson Machado falou com a imprensa, na sede do Gaeco, nesta manhã. Ele negou a acusação de extorsão e disse que está sendo “perseguido” por causa do trabalho realizado quando estava à frente da DRFV.
Machado, atualmente titular do 6º Distrito Policial, trabalhava na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) da capital. Ele causou polêmica quando foi transferido da DFRV para o 6º. DP em setembro do ano passado. O delegado divulgou uma nota com os motivos da transferência, segundo a visão dele.
Em nota, Machado disse que, dois meses depois de ter assumido a DFRV, foi chamado pelo seu superior imediato, o delegado Luiz Carlos de Oliveira, responsável pela Divisão de Crimes Contra o Patrimônio. Segundo Machado, seu chefe “veio com um pedido relacionado a ‘lojas de autopeças’, e que eu disse que não iria atender, por ser contra meus princípios”.
Após a divulgação da nota, ele voltou atrás e explicou à Corregedoria da Polícia Civil que seria contra os seus princípios “sobrecarregar ainda mais os investigadores, que estão afastados de suas funções, fazendo as vezes de carcereiros”, segundo uma nota da Polícia Civil. A nota do delegado causou a indignação do delegado Luiz Carlos de Oliveira. À época, ele classificou Machado como uma pessoa “perigosa” e “mentirosa” e negou ainda que tenha havido reunião entre os dois para que investigações sobre autopeças não fossem adiante.
Dinheiro apreendido
Aproximadamente 98 mil dólares (cerca de R$ 197 mil) foram apreendidos na casa do delegado Luiz Carlos de Oliveira. Segundo Battisti, o delegado relatou ao Gaeco que ganhou o dinheiro em um cassino. Não foram divulgados mais detalhes sobre essa questão.
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