quinta-feira, novembro 10, 2011

Paraná dá início à “reestruturação”

O futuro do Paraná começou a ser traçado na noite de ontem. Rubens Bohlen, da chapa de situação, foi eleito o novo presidente do clube para os próximos dois anos. Ele vai assumir o cargo a partir de 13 de de­­zembro com a missão de resgatar o futebol, as finanças e a parte física de um clube que há anos vêm sofrendo com problemas crônicos nessas áreas.

A primeira atitude do novo comandante tricolor será reestruturar o departamento de futebol. Já na próxima semana, o presidente eleito deve se reunir com Paulo César Silva, primeiro vice-presidente, para definir o grupo de trabalho responsável por gerir o Pa­­raná dentro de campo. “Vamos nomear um vice-presidente de futebol para reestruturar todo o departamento. Temos três nomes como opção para ser o gerente remunerado e vamos cobrar resultados dele”, garantiu Bohlen.

Apesar da necessidade de resultados imediatos, o novo presidente preferiu adotar cautela. Ele pediu metade do tempo do mandato co­­mo prazo para que as soluções apresentadas no planejamento estratégico, que será votado no final de novembro, comecem a surtir efeito. “Vamos precisar de um ano para formatar esse projeto e criarmos as condições necessárias para realizá-lo.”

A situação incômoda da equipe na Série B, ainda correndo risco de rebaixamento, não permite que os novos dirigentes falem so­­bre o elenco de 2012. A permanência do técnico Guilher­­me Ma­­cu­­glia agrada o vice-presidente Paulão, mas os últimos resultados a deixaram em dúvida.

Apesar da incerteza, o dirigente já está negociando a renovação de contrato com alguns jogadores. Wellington, Cambará, Lima, Brinner, Itaqui e Marinho são alguns dos nomes que podem permanecer. “Já estamos negociando, mas ainda não fechamos com ninguém”, explicou o atual vice de futebol.

Na parte social, o segundo vice-presidente eleito, Luis Carlos Casagrande, diz já ter iniciado conversas com investidores para revitalizar o patrimônio paranista. “Precisamos melhorar muita coisa no quadro social. Alguns ficaram de me ajudar e espero que isso se defina até o final do ano.”

Aquilino Romani, que deixa o cargo no final de dezembro, afirmou que sai do cargo frustrado por não conseguir recolocar o Paraná na Série A. Ele garantiu que não ocupará nenhuma função na próxima gestão e fez um balanço da sua administração. “Tivemos problemas financeiros, muitos jogadores machucados neste campeonato. Deixo algumas dívidas, principalmente trabalhistas, mas em uma situação muito melhor do que entrei”, garantiu.

Bohlen, que foi apoiado por Ro­­mani, sabe da responsabilidade que terá ao assumir o comando de um clube que desde 2007 não co­­me­­mora um título e que no último balanço financeiro divulgado, em abril, possuía um déficit de R$ 7 mi­­lhões. “Vamos sair de pedra para virar vidraça. Mas confiamos que podemos reorganizar o clube e fazer a torcida voltar a ter alegrias”, discursou.

Vitória sobre o Guarani garante permanência

O jogo contra o Guarani, sábado, às 17 horas, na Vila Capanema, vi­­rou decisão para o Paraná. Além de derrubar o tabu de não ter vencido clubes paulistas na Série B deste ano – em 11 jogos, foram 4 em­­pates e 7 derrotas –, um triunfo confirma a permanência do Tri­­color na Série B.

Segundo cálculos do matemático Tristão Garcia, 49 pontos evitariam matematicamente o rebaixamento de um time à Série C. O Paraná soma 46, na 14.ª posição. O Bugre tem a mesma pontuação, mas está em 13.º por ter uma vitória a mais do que o Tricolor (13 a 12). “A situação está controlada. Há apenas 2% de risco de queda”, afirma Garcia.

Ainda de acordo com o matemático, como Duque de Caxias, Salgueiro e Vila Nova já estão rebaixados, a tendência é de que a vaga que ainda resta dentro da zona da degola fique entre Icasa e ASA. “Mesmo que eles ganhem na próxima rodada, ambos terão de tirar vantagem dos rivais restando duas partidas. Um deles não escapa”, arrisca.

Apesar da matemática favorável, o técnico Guilherme Macuglia espera que o time termine o ano emendando uma sequência de triunfos – uma garantia para quem quer seguir treinando o time em 2012. “Não vamos nos acomodar. Precisamos terminar em uma posição honrosa”, disse após o empate por 1 a 1 com o ABC, em Natal, na terça-feira.

Angelo Binder

Entrevista

Rubens Bohlen, novo presidente do Paraná

Mentor do planejamento estratégico do Paraná para os próximos oito anos – quatro gestões –, Rubens Bohlen foi eleito para colocar em prática o projeto. Em entrevista após a eleição, revelou quais são as prioridades.

Qual será sua primeira atitude como presidente?

O Paraná precisa primeiro contratar um gerente de futebol remunerado. Precisamos envolver todos os profissionais do futebol para avaliar o jogador que vai ser contratado, não é só a técnica que conta.

Qual será o principal benefício prático do planejamento?

Agora temos um norte, faltou isso antes. O clube não se preparou para um sucesso tão rápido e sofre as consequências. Nosso planejamento é também para as gestões futuras, teremos uma continuidade.

Como administrar o provável déficit que a atual gestão vai deixar?

Vamos nos reunir com o Celso [Bittencourt, vice-presidente de finanças] e analisar tudo. Sabemos que temos dificuldades e precisamos achar meios de corrigi-las e minimizá-las a curto prazo.

Como será a relação com os empresários?

Vamos rever essas parcerias. Queremos empresários comprometidos com o nosso projeto. Não vai mais existir essa história de trazer vários jogadores e os que se destacam saírem no meio do campeonato e o clube não ganha um centavo.

Como será a equipe para o ano que vem? O elenco será limitado novamente?

Vamos esperar o campeonato acabar para ver com a nossa equipe de trabalho o que deu certo e estruturar o time para o ano que vem. Aqueles que se destacaram devem permanecer.
Fonte: Gazeta do povo 10/11/2011

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