Uberlândia - O Atlético desembocou no pior e mais humilhante cenário. Ao perder para o América-MG por 2 a 1, no Parque do Sabiá, o time do técnico Antônio Lopes praticamente selou o rebaixamento. Ainda há esperança. Pouca, mas existe. Ela passa por uma vitória contra o Coritiba, domingo, além da ajuda de terceiros.
Rebaixado, por enquanto
Os jogadores podem dizer que dá para escapar, Antônio Lopes insistir que é possível e os torcedores fazerem todas as promessas cabíveis para este momento. Mas, embora a matemática ainda possibilite o sonho, o Atlético caiu moralmente para a Série B com a derrota para o América-MG.
Mais do que acreditar que é possível o Cruzeiro não passar de um empate com o Galo, já livre da degola, e o Ceará não vencer o Bahia, o mais difícil é o Furacão vencer o seu jogo. O Coritiba, de quem não ganha há mais de três anos, briga por uma vaga na Libertadores, tem um time reconhecidamente melhor e não deve desperdiçar a chance.
Aí o torcedor vai soltar: “É possível! Tem a força da Arena!” Claro que é. O futebol tem dessas surpresas. Mas pelo que foi mostrado em Uberlândia é difícil de acreditar. Poderia ficar em cima do muro, mas os rubro-negros não precisam neste momento de falsa ilusão.
Torcida
Clima de “já caiu” em Minas
Aproximadamente 400 membros da organizada “Os Fanáticos” enfrentaram 15 horas de viagem, em dez ônibus, para apoiar a equipe – agora muito próxima do rebaixamento – em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Ajudaram apenas até os 35 minutos do segundo tempo, quando saiu o gol do lateral Gilson, selando a derrota. Após o lance, o cenário mudou completamente.
O clima de ‘já caiu’ era visível, com muitas caras apreensivas e furiosas – com gritos ofensivos aos jogadores e dirigentes do Furacão. Uns escondiam o rosto na camisa para não ver a derrocada em campo. Quem podia, acompanhava os outros jogos por rádio, televisores portáteis ou perguntando aos amigos. O empate do Ceará, através do ex-paranista Daniel Marques, aos 37 da etapa final, diante do também ameaçado Cruzeiro, em Fortaleza, deu uma sobrevida para o Furacão.
Pré-Atletiba
O Atlético volta hoje para Curitiba, com uma escala em São Paulo, e amanhã começa a preparação para o Atletiba. O time terá o desfalque do zagueiro Gustavo, que recebeu o terceiro cartão amarelo. Fabrício deve ser o substituto. Já os outros pendurados (Renan Rocha, Gustavo, Guerrón, Wagner Diniz e Rodriguinho) estão à disposição do técnico Antônio Lopes. A tendência é que a pressão para o último jogo do campeonato seja potencializada pelo jejum contra o maio rival. Além da necessidade da vitória para ainda ter esperança de não ser rebaixado, o Furacão não consegue vencer o Coritiba desde 2008.
Se o resultado no interior de Minas servir de parâmetro, o choro dos torcedores ontem não foi de pessimismo. Caso tivesse vencido, o Rubro-Negro teria saído da zona de risco. Melhor: dependeria de si para evitar a queda. Com um futebol de segunda, não conseguiu.
Kempes abriu o placar na etapa inicial. Paulo Baier, de pênalti, empatou após o intervalo. Aos 35 do 2.º, o gol de Gilson decretou a derrota. Durante grande parte da tensa rodada, o Furacão esteve com os dois pés na Série B graças ao placar combinado de Ceará e Cruzeiro.
O empate no Nordeste deu sobrevida a Paulo Baier e cia., na 18.ª posição. Agora, a salvação passa pela derrota do time mineiro (16.º) contra o Galo, além de um tropeço dos cearenses (17.º) ante o Bahia, em Salvador. Nas duas situações, os adversários nada tem a ganhar ou perder. Ao contrário do Atlético que pega o Coxa perto da Libertadores.
“Se erramos, erramos todo nós. Mas enquanto tiver esperança vamos continuar lutando”, garantiu o meia Cléber Santana.
Paulo Baier recusou-se a falar.Outros também mostraram o abatimento. Wendel, por exemplo, ajoelhou-se no campo, de cabeça baixa, com a impressão que não tinha coragem de ir para o vestiário. Mesma fisionomia do zagueiro Manoel. Uma desolação que mostrava a sensação de que a degola está consumada – apesar da matemática.
O técnico Antônio Lopes e o volante Marcelo Oliveira deram a cara para tapa. O comandante admitiu que o time jogou mal e que não fez por merecer um outro resultado.
“Não tivemos uma boa apresentação. Perdemos muitas chances de gol. Acho que essa ansiedade, essa responsabilidade que a equipe tem nos últimos jogos fez com que errássemos tanto”, opinou. “Agora não dependemos de nós mesmos, mas temos de continuar lutando”.
Já Oliveira confirmou que o clima pós-jogo era de funeral. “A gente fica abatido. Podíamos ter saído da zona, mas acredito que isso vai ainda ocorrer na última rodada”, disse. Um sonho cada vez mais difícil.
Malucelli passa mal após jogo em Uberlândia
Pressão, derrota e muitas ofensas da torcida organizada. Foi demais para o presidente atleticano, Marcos Malucelli. O dirigente saiu do estádio Parque do Sabiá praticamente carregado pelo vice-presidente Henrique Gaede. Visivelmente abalado com a possível derrocada do time, o mandatário não conseguia falar e mostrava um quadro de colapso nervoso.
Antes do jogo, ao ir para o camarote do estádio, Malucelli foi pela primeira vez hostilizado. “Estamos nesta situação por sua causa”, gritava um atleticano. Depois, no intervalo do confronto, com o América-MG ganhando de 1 a 0, o dirigente demonstrava um abatimento ao olhar (sem rumo) para a parte de fora do Parque do Sabiá.
Ao fim do jogo, a facção “Os Fanáticos” ficou provocando, o chamando de covarde por não sair do camarote. Quando Malucelli deixou o local, cerca de 15 minutos depois e ainda conseguindo andar sozinho, alguns torcedores lhe hostilizaram ainda mais. Foi a gota d’água para o mal-estar do presidente.
Fonte: Gazeta do Povo 28/11/2011
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