Opinião
A emergência da cultura tecnológica
O Parque da Ciência Newton Freire Maia é uma iniciativa com potencial transformador da cultura. Explico: ao se criar um museu ou parque de exposições, está se criando um elemento que permite a interação de diversos setores da sociedade – estudantes, pesquisadores, professores e curiosos. E dessa interação podem surgir comportamentos culturais não previstos inicialmente. Ou seja, ocorre o que na teoria dos Sistemas Complexos se convencionou chamar de “emergência”. A “emergência” ocorre toda a vez que a partir de interações simples desenvolvem-se padrões complexos.
O parque permite uma experiência lúdica com o universo das ciências e da tecnologia e aproxima estudantes de temas complexos que, muitas vezes, tendem a ser encarados como pouco atraentes. A experiência sensorial que ele proporciona tem potencial transformador do indivíduo. Entretanto, para que da visitação do museu, ocorram padrões complexos – como a ampliação da cultura científica da sociedade – é preciso haver investimentos.
E os investimentos necessários não se reduzem a recursos financeiros ou humanos para manter o parque. É preciso investimentos para ampliar o número de visitações. Para que os padrões complexos emergentes ocorram é preciso ampliar astronomicamente o público visitante. O público precisa passar dos 75 mil anuais para as centenas de milhares. Quem sabe, de um parque como o Newton Freire Maia, pode imergir uma cultura tecnocientífica sofisticada na sociedade. Isso é desejável num país que tem déficit de mão de obra qualificada na área tecnológica.
Rhodrigo Deda, é advogado, jornalista e editor-executivo de Vida Pública.
São 15 mil metros quadrados divididos em cinco pavilhões que contemplam temas como Astronomia, Biologia, Geografia, Matemática, História, Física e Química. Para Sérgio Barreto de Faria, 62 anos, diretor do espaço há nove, o objetivo é levar a comunidade escolar, acadêmicos e interessados a entender na prática quais são os impactos sociais, culturais e ambientais do progresso científico e tecnológico. O espaço segue o modelo do Parque de Lavitte, exemplo de exposição e discussão científica francesa, encravado no setor industrial de Paris.
As visitas gratuitas são monitoradas e devem ser agendadas previamente, tanto para escolas como para o público em geral. Para as escolas municipais, estaduais e particulares, por exemplo, o calendário para o segundo semestre será aberto na última semana de maio. A comunidade tem preferência para o agendamento de sábado. A idade mínima para participar é a partir dos 7 anos e os grupos são montados com até 25 pessoas. Cada escola pode inscrever 75 alunos por período.
Faria lembra que o Parque da Ciência recebe também visitantes de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, interior de São Paulo e Minas Gerais. A meta para esse ano é atingir um público de 75 mil pessoas. No ano passado, 70 mil se aventuraram pelos corredores do parque. “Somos um dos maiores museus com exposição de ciência do país”, diz Faria, antes de lembrar que o espaço necessita de mais monitores, estagiários e responsáveis pelas áreas. “Precisamos também atualizar as intervenções, que datam de 2002. Em 10 anos, muito coisa mudou”.
Atrações
Entre os grupos de visitantes do parque ontem, estavam os alunos do 6.º ano do Colégio Militar do Paraná. Em um dos espaços que reproduz um sítio arqueológico, no Pavilhão Água, cerca de 20 meninos e meninas fixavam os olhos, curiosos, nas demonstrações do monitor. Para a professora de Ciências, Rita de Cássia dos Santos, a experiência é única. “É a oportunidade de verificar o conteúdo aprendido em aula e despertar vocações”, lembra.
Ao lado, uma música caipira ambientava a história do sertão nordestino. O professor de Biologia, Diego Café, dedilhava o violão e cantava em prosa e verso as dificuldades dos retirantes da seca e as características inóspitas da região. Ao fundo, a reprodução em fotos do bioma brasileiro mostrando a floresta amazônica, o cerrado e o pantanal.
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Espaços
Ao ultrapassar as portas de vidro do Parque Newton Freire, um mundo de ciência e tecnologia se descortina. Conheça cada um dos espaços:
Pavilhão Introdução: a visita começa com a discussão de temas como Cosmologia, Astronomia, Biologia e pensamento científico. Por exemplo, os alunos podem entender a dimensão e disposição dos planetas com o manuseio de bolas coloridas.
Pavilhão Cidade: painéis fotográficos, objetos e meios de interação com som, espelhos e vídeo mostram o planejamento, história e curiosidades sobre as cidades, relacionando os temas com conceitos de Geografia, Matemática, História, Física e Astronomia.
Pavilhão Energia: na entrada, os visitantes são recebidos pelo busto de Albert Einstein. Nesse espaço são encontradas as diferentes formas de energia presentes na natureza. Por meio de experimentos, paineis e fotos, o observador entende como se dá a transformação de uma forma em outra. Inclui o planetário no qual é mostrada a interpretação da Astronomia pelos índios brasileiros.
Pavilhão Água: há um sítio arqueológico destinado ao estudo da Paleontologia e reproduções de pinturas rupestres no teto de uma caverna. No mesmo espaço, a Biologia é mostrada através de temas como a anatomia de animais pré-históricos e a Química, em um laboratório reservado para experimentos.
Pavilhão Terra: o espaço Você sabe onde pisa? apresenta as características dos biomas brasileiros, suas peculiaridades e curiosidades, e o conhecimento dos diversos tipos de minérios e pedras brasileiras.
Palco Paraná: no ambiente externo é reproduzido uma maquete do Paraná com os principais rios e estradas dos 399 municípios.
Agendamento de visitas (041) 3666-6156
Fonte: Gazeta do Povo 11/05/2012
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