Timidamente, os postos de combustíveis de Curitiba já sinalizam um recuo nos preços do etanol, mas ainda não o suficiente para recuperar a competitividade em relação à gasolina. Embora ainda seja possível achar estabelecimentos cobrando R$ 2,49 o litro do etanol, outros já baixaram para R$ 2,19 e em alguns até para R$ 2,09.
Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis no Paraná (Sindicombustíveis-PR), o valor praticado pelo produtor já caiu, em média, 15% nas últimas semanas, porém, a distribuidora ainda está segurando o valor nos patamares anteriores ao início da safra de cana-de-açúcar. Para a Associação de Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcopar), essa retenção no repasse da queda está com dias contados em todo o Estado, já que 20 das 30 usinas já estão moedo cana, o que reduz o espaço para uma especulação não condizente com a oferta da matéria-prima.
“O resultado da evolução da colheita não deve demorar a chegar na bomba. Se não houver mais tanta chuva, em duas semanas os preços já retomam os patamares normais, abaixo dos R$ 2”, projeta o superintendente da Alcopar, José Adriano Dias. No entanto, para o presidente do Sindicombustíveis, Roberto Fregonese, o mercado de etanol só será retomado com vigor quando o preço voltar para a faixa de R$ 1,70. “Por enquanto, não existe mercado de etanol. Para voltar a ser atraente para os motoristas, o valor precisa cair pelo menos R$ 0,50, atingindo um nível de preços em torno de R$ 1,70”, aponta Fregonese.
O superintendente da Alcopar, José Adriano Dias, porém, aposta em um patamar entre R$ 1,80 e R$ 1,90.”Os custos de produção aumentaram. No cenário de hoje, para garantir a própria expansão de toda a cadeia, os valores deverão ficar entre R$ 1,80 e R$ 1,90, o que garantirá competitividade frente à gasolina”, avalia. “Claro que se o preço da gasolina avançar, teremos um novo patamar de preço no combustível”, acrescenta.
Estoques reguladores
Na visão da Alcopar, o Brasil reúne condições para pensar em estratégias que não deixem a população refém de problemas de abastecimento de combustíveis. “A criação de estoques reguladores teria poupado a disparada nos preços e o risco de esgotamento de etanol vivenciado nesta entressafra”, aponta Dias. Ele ressalta que os estoques deste ano ficaram muito abaixo do ideal, principalmente em função da quebra de 18% na safra passada. “Como enfrentamos muitas chuvas no início desta safra, o preço disparou, mas a expectativa é que as condições climáticas deste ano sigam dentro da normalidade, permitindo que alcancemos os 47 milhões de toneladas de cana projetados para a produção atual. Essa quantidade garantirá a reposição dos estoques e uma entressafra bem mais tranquila para 2012”, analisa.
A produção desta safra, segundo a Alcopar, deve gerar 1,7 bilhão de litros de etanol, que serão destinados exclusivamente para atender o mercado paranaense. “Com a globalização, os preços praticados aqui são iguais aos realizados no restante do mundo. Não podemos exportar em detrimento do nosso mercado”, justifica Dias. Já no açúcar, entre 75% e 80% do que é produzido é destinado ao mercado internacional. “Deveremos chegar a algo em torno de 3,4 milhões de toneladas de açúcar, e apenas 500 milhões são para o mercado doméstico”, compara.
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