sexta-feira, abril 15, 2011

Urbs cancela demissão de funcionária com câncer

A Urbanização de Curitiba (Urbs), empresa da prefeitura que gerencia o trânsito e transporte coletivo, anunciou nesta quinta-feira (14) o cancelamento do ato de demissão da auxiliar de limpeza Patrícia Mello Feliconi, de 49 anos, que tinha ocorrido no dia 4 de abril.

Ela foi demitida menos de um mês após iniciar o trabalho que cumpria em regime de experiência e 12 dias depois de ter tomado conhecimento de que estava com câncer no útero.

Em nota oficial, a Urbs informou que, "apesar de a demissão ter ocorrido de acordo com a lei", o presidente do órgão, Marcos Isfer, decidiu cancelar o ato, "após receber informações mais detalhadas sobre o caso e sobre a gravidade da doença da funcionária".

"A funcionária não foi demitida em período de atestado médico e não comprovou que estaria incapacitada para o trabalho", informou a nota. "A presidência da Urbs também informa que o episódio poderia ter sido evitado caso a funcionária tivesse trazido ao conhecimento da empresa os fatos alegados somente após sua demissão."

Fontes da Urbs disseram que, no exame admissional, em 10 de março, ela não teria relatado qualquer doença ou sintoma ligado à patologia em questão, relatando apenas hipertensão. Ela teria sido demitida em razão de o supervisor ter anotado que não desempenhara bem a função para a qual fora indicada. Mas tanto ela quanto o Sindicato dos Trabalhadores de Urbanização do Estado do Paraná (Sindiurbano) disseram que se tratou de discriminação.

"Gerou um sentimento de que se tratava de perseguição e preconceito", disse o presidente do sindicato, Valdir Mestriner. Para ele, a "repercussão" nos meios de comunicação levou o órgão a rever a decisão. Mestriner ressaltou que o sindicato entrou em contato com diretores da Urbs na segunda-feira (11), mas nenhuma atitude havia sido tomada até então. "A denúncia e a mobilização em torno do assunto levaram à reversão", afirmou.

A auxiliar de limpeza não foi encontrada nesta quinta-feira (14), mas o sindicato distribuiu nota em que ela afirmava ter ficado "magoada" com a demissão, pois continuara trabalhando mesmo após saber da doença. Segundo ela, seus superiores na empresa tinham conhecimento.

Ela começou a trabalhar em 10 de março, mesmo dia em que teria avisado a chefia que precisava fazer exames no Hospital Erasto Gaertner, especializado em tratamento de câncer. No dia 23 de março recebeu o diagnóstico da neoplasia maligna de útero.

Patrícia acentuou na nota que, mesmo enferma e às vezes sentindo dores, nunca se negou a trabalhar. "Eles sabiam muito bem que eu não estava preocupada com a minha doença, mas com meu serviço", ressaltou.

Segundo ela, o trabalho fazia com que estivesse ocupada, sem tempo para pensar na doença. No entanto, o estado de saúde levou o médico que a atendeu a conceder licença de seis dias a partir de 28 de março. O atestado ela apresentou somente no dia 4 de abril, quando retornou. Nesse mesmo dia foi comunicada da demissão. A Urbs alegou que o atestado não discriminava a patologia.

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