quarta-feira, fevereiro 12, 2014

Com frota de veículos elétricos, Curitiba dá a largada para programa de mobilidade sustentável
















Curitiba deu nesta quarta-feira (12) um passo importante para a implantação de um programa de mobilidade urbana sustentável e para o cumprimento da meta de reduzir a emissão de gases tóxicos. Em parceria com a Itaipu Binacional, a Aliança Renault-Nissan e CEIIA (Centro para a Excelência e Inovação na Indústria do Automóvel) de Portugal, a Prefeitura lançou o projeto Curitiba Ecoelétrico, que na primeira etapa vai incorporar à frota do Município dez carros e três micro-ônibus movidos a eletricidade.
Os veículos, cedidos ao município em comodato, farão de Curitiba a cidade brasileira com a maior frota de veículos elétricos em uso no serviço público. A utilização pelo Município consistirá num projeto piloto para o aperfeiçoamento e expansão do sistema.
“Como prefeito de Curitiba, sou o guardião de uma página bonita da gestão pública. Esta parceria representa a valorização da questão ambiental e o respeito ao ser humano, na medida em que a busca de alternativas menos poluentes proporciona melhor qualidade de vida para a população”, disse o prefeito Gustavo Fruet.
“Este é um projeto que reúne inteligência e mobilidade e que reafirma Curitiba uma cidade inovadora e sustentável”, disse a vice-prefeita e secretária municipal do Trabalho, Mirian Gonçalves, responsável pela coordenação do projeto.

De acordo com Mirian, o Curitiba Eco-elétrico – que também envolve a Urbs, o Ippuc e outras secretarias – faz parte do Programa de Mobilidade Urbana Sustentável de Curitiba, que prevê a implantação de modais de transporte de nova geração, com baixo impacto ambiental. Também representa uma das primeiras iniciativas da Prefeitura para cumprir as recomendações do termo de compromisso para a redução das emissões de gases e de riscos climáticos, assinado pelo prefeito Gustavo Fruet durante o C 40, em Johanesburgo, África do Sul, na semana passada.
Os micro-ônibus e os carros (cinco do modelo Zoe, três Kangoo e dois Twizy) serão cedidos à Prefeitura pela Renault-Nissan e pela Itaipu Binacional, por meio de contrato de comodato. Os veículos serão destinados à Guarda Municipal, à Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) e ao Instituto Curitiba de Turismo.
Para o presidente da Renault, Olivier Murguet, o Curitiba Eco-elétrico confirma a vocação de Curitiba para assumir a vanguarda em temas que estão na agenda mundial. “Curitiba é referência mundial em mobilidade, sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Para nós é um orgulho poder iniciar a era do veículo com emissão zero de poluentes em Curitiba, uma cidade que reforça dia a dia a sua preocupação com a redução da emissão de gases e o respeito ao ser humano”, enfatizou.
Projeto piloto
Jorge Miguel Samek, diretor-geral da Itaipu Binacional, disse que o projeto do carro elétrico tem foco no usuário final. A utilização pelo poder público é o piloto de um projeto os que vai gerar dados em tempo real, para aperfeiçoamento do sistema. “Itaipu vem fazendo pesquisas para o desenvolvimento de carros elétricos e gestão da mobilidade, numa grande preocupação com o futuro do meio ambiente”, afirmou.
Samek disse que a nova tecnologia é mais limpa, mais eficiente e muito mais econômica que os veículos convencionais a combustão. “O carro elétrico representa o futuro da mobilidade e o Brasil tem uma vantagem adicional em relação aos outros países: a matriz energética baseada na hidreletricidade”, disse. “Em outros países, para recarregar a bateria do veículo elétrico, a energia que sai da tomada muitas vezes foi produzida a partir de fontes sujas, baseadas em combustíveis fósseis. Já no Brasil, temos uma matriz energética limpa e renovável.”

O projeto
O Curitiba Eco-elétrico será desenvolvido em quatro fases, de 2014 a 2020. A primeira fase está sendo implantada com foco nos serviços da prefeitura, aproveitando em especial a oportunidade dos jogos da Copa do Mundo FIFA 2014.
A Guarda Municipal utilizará os carros para ronda e patrulhamento nos parques da cidade, no zoológico e ainda como módulo móvel que circulará pelas praças. “Estamos avaliando a possibilidade de utilizar um dos carros no Parque do Passaúna, pela sua grande extensão territorial e ausência de vias públicas, o que facilitaria o trabalho dos agentes”, disse o inspetor Frederico Carvalho, diretor da Guarda Municipal.
A Setran deve utilizar os veículios em seu programa de educação para o trânsito e também como suporte às atividades de seus agentes. Por fim, o Instituto Curitiba de Turismo irá destinar os veículos para um Centro de Informações Turísticas Móvel que transitará em locais estratégicos de grande aglomeração de turistas, como Arena da Baixada, imediações das Fan Fest e pólo hoteleiro. Outro objetivo é dar suporte às atividades recreativas e culturais.
Outras fases
Na primeira fase, serão implantados de dez a 12 eletropostos (totens) de abastecimento em quatro locais considerados estratégicos para os órgãos da Prefeitura envolvidos: Rodoferroviária, Secretaria Municipal de Abastecimento, Parque Barigui e Parque Tanguá.
 
Estão definidos dois sistemas de abastecimento com cargas de 30 minutos a oito horas. A autonomia varia de acordo com o modelo do veículo. Com a bateria totalmente carregada, o Renault Zoe tem autonomia de 210 Km; o Renault Kangoo Z.E. 125 Km e o Renault Twizy 100 Km. Já os micro-ônibus possuem uma autonomia prevista de 100 Km, quando totalmente abastecidos.
O eletroposto consiste em uma estrutura com um cabo que é conectado ao veículo para recarga.
Para a segunda fase do projeto (2015-2017), estão previstos totens de abastecimento multifuncionais que devem agregar em um único equipamento serviços de recarga, cartão transporte, recarga dos veículos, parquímetro (estar), câmera de monitoramento, botão de emergência, informações turísticas, bicicletas compartilhadas, wi-fi institucional.
Também há a previsão de estudos para implantar soluções de compartilhamento (sharing) de carros e bicicletas, inicialmente voltadas para o mercado corporativo e a serviços de interesse público. As próximas etapas (2018 – 2020) estabelecem estudos de integração aos diversos serviços de transporte público.
Em todo o País, segundo a ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos), são aproximadamente 1000 veículos. Nas prefeituras, o seu uso é ainda escasso, o que coloca Curitiba à frente no projeto de mobilidade sustentável direcionado ao atendimento das demandas internas de sua administração. Conforme dados municipais, a prefeitura de Campinas possui seis carros elétricos à sua disposição; Sorocaba um híbrido (elétrico-combustível); Búzios também apenas um.
O Brasil ainda apresenta uma frota ainda pouco significativa de veículos elétricos quando comparado a outros países como Estados Unidos e China. Em todo o mundo, circulam mais de sete milhões de veículos elétricos, conforme a ABVE.
Parceiros
No Brasil, a Itaipu Binacional é considerada a principal referência na área de mobilidade elétrica. Desde 2006, a empresa desenvolve, em parceria com a companhia suíça KWO, o Programa Veículo Elétrico (VE), que tem o objetivo de promover estudos e viabilizar a aplicação da nova tecnologia. Apesar do pouco tempo, os resultados são expressivos. Em sete anos, já saíram do centro de pesquisa de Itaipu mais de 80 protótipos, entre carros de passeio, caminhão, miniônibus e um utilitário 4x4, todos com motor 100% elétrico. A usina também faz estudos para desenvolver uma nova bateria de sódio, totalmente reciclável, adaptada ao clima e às condições do País. Outras linhas de pesquisa são o primeiro Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) com motor elétrico e o primeiro avião elétrico do País.
A Aliança Renault-Nissan lidera o segmento de veículos zero emissão e investe 4 bilhões de euros no desenvolvimento dessa tecnologia. Desde o início da comercialização foram mais de 100 mil veículos elétricos vendidos pela Aliança no mundo. A Renault, a qual o desenvolvimento em eficiência energética está no DNA da marca, oferece a gama Z.E. (Zero Emissão) composta por 3 modelos: Renault Zoe, Renault Twizy e Renault Kangoo Z.E.Os veículos zero emissão estão cada vez mais presentes no dia a dia das grandes cidades e serão tendência no futuro. “Acreditamos que o futuro da mobilidade passa, necessariamente, por veículos zero emissão", afirmou Olivier Murguet, presidente da Renault do Brasil.
O CEIIA é um centro de inovação e engenharia que pesquisa, desenvolve, testa e apoia a industrialização de soluções de mobilidade inteligente. “Esta iniciativa é inédita, pois é a primeira vez que se combina a mobilidade física com a mobilidade de informação assente em suportes energéticos de base sustentável, permitindo, assim pela integração de todos serviços de mobilidade de uma cidade, olhar a mobilidade como uma utility”, afirma o presidente executivo do CEIIA José Rui Felizardo.

















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