sexta-feira, julho 01, 2011

Servidores reclamam da demora para agendar consultas especializadas

Servidores municipais de Curitiba enfrentam dificuldades para agendar consultas médicas com especialistas, segundo apontam o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) e o Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac). Por trás dessas dificuldades podem estar os problemas de gestão do Instituto Curitiba de Saúde (ICS), que recebe críticas dos sindicatos há anos, e os baixos valores pagos à rede conveniada, o que poderia estar provocando descredenciamento para atender o ICS, segundo dizem os sindicatos.

Para a diretoria do ICS, no entanto, a explicação seria o atual movimento da classe médica em todo o Estado de pedir descredenciamento dos planos de saúde, em busca de melhor remuneração, e por isso a demora no agendamento não estaria restrita aos servidores municipais, mas a todos que possuem plano de saúde.

A interpretação de representantes dos sindicatos municipais é diferente. "O ICS tem se descredenciado de hospitais importantes, como o Pequeno Príncipe, que não atende mais pelo instituto. Com o passar do tempo, a qualidade caiu. O que temos de informação é que o ICS não paga o valor de tabela que os médicos teriam direito de cobrar", afirma a presidente do Sismuc, Marcela Alves.

Em relação a esses entraves para marcar consultas no Pequeno Príncipe, os servidores formularam um pedido de informações à diretoria do ICS nesta semana para saber exatamente o que está acontecendo. Ainda de acordo com a presidente do Sismuc, o ICS deixou de ter médicos de carreira, passando a terceirizar o serviço, o que prejudica os acompanhamentos médicos.

Um exemplo é da servidora Lorici Kuhn Corsi, que está desde o início do mês tentando marcar uma consulta no dermatologista para o marido, sem sucesso. "No ICS respondem que 'não têm agenda', que só vai abrir no final de julho para agendar e aí ser atendido sabe-se lá quando, porque não souberam informar. Então tentei na única clínica credenciada e também não consegui. Os atendentes não têm informação nenhuma", conta.

De acordo com a diretora do Sismmac e representante dos servidores do conselho do ICS, Ana Denise Ribas de Oliveira, as dificuldades em marcar consultas pelo plano são bem mais antigas do que esse recente movimento de descredenciamento dos médicos pelo Paraná. "Os sindicatos tentam pautar a prefeitura para resolver essa questão do ICS desde 2008 e apresentamos um projeto de lei - que não avançou - apontando formas de resolver as dificuldades do instituto, abordando formas de financiamento, gestão e mudança da denominação de serviço social autônomo para uma autarquia", afirma Ana Denise.

No ano passado, a prefeitura encaminhou um projeto de lei à Câmara de Vereadores para tratar do ICS. Esse novo projeto é criticado pelos servidores. "O projeto do prefeito muda a forma de contribuição, mas entendemos que o ICS não pode ser resolvido por partes, tem que ser na sua totalidade", declara. Atualmente, os servidores municipais contribuem todo mês com 3,14% do salário para o plano. A prefeitura contribui com 3,65% de cada funcionário, referente à cota patronal.

Mais do que o atendimento, o Sismuc salienta a dificuldade de acompanhar a prestação de contas do ICS e critica a pequena participação dos servidores nos conselhos que gerem o instituto. "Hoje o Sismuc e o Sismmac dividem vaga nos conselhos fiscal e administrativo, o que limita muito o debate", critica a presidente do sindicato.

Reorganização interna

A presidente do ICS, Ana Luiza Scheider, defende que as críticas dos usuários do ICS não diferem da atual situação enfrentada pelos planos de saúde. "Os planos de saúde têm feito um esforço significativo para não onerar o contribuinte. Eles têm um recurso para negociar com a rede prestadora de serviço. Eu não consigo negociar com as multinacionais que produzem insumos de saúde. Chegou numa situação que os médicos não querem mais trabalhar pelo valor praticado e o ICS está dentro desse mercado. O ICS tem orçamento e não pode dar reajuste para todo mundo. Da mesma forma que todos os outros planos, estamos discutindo reajustes", defende.

De acordo com a presidente do ICS, não houve descredenciamento de hospitais e, em relação aos atendimentos pediátricos, ela diz que o atendimento melhorou. "Estamos negociando, mas não perdemos significativamente prestadores de serviço. O programa da pediatria melhorou, o atendimento aumentou nos últimos 12 meses, assim como os atendimentos odontológicos. Estabelecemos alguns incentivos de qualidade, os pediatras estão atendendo mais do que faziam antes", pondera.

Ana Luiza reforça que não houve redução da oferta, mas que o ICS passou por uma reorganização. "Houve demissão de profissionais ociosos. Agora, só mando para especialista o que precisa. Não houve redução da oferta, pelo contrário. Com o mesmo dinheiro fazemos mais coisas", argumenta.

Dentro do centro de saúde, o ICS tem hoje cerca de 500 funcionários. Entre funcionários públicos municipais ativos, inativos pensionistas e dependentes, o ICS atende hoje mais de 76 mil pessoas.
Fonte:http://oestadodoparana.pron.com.br 01/07/2011

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