terça-feira, maio 27, 2014

Redes sociais viram terreno fértil para a intolerância

A página no Facebook diz reunir eurodescendentes e fala contra miscigenação, judeus, homossexuais e feministas – “Hoje, nós brancos somos apenas 8% da população do planeta. Precisamos mais do que nunca preservar a nossa raça!”. “Não conta pra ninguém que o presidente da França, que destruiu este país implantando o comunismo, o gayzismo, o feminismo, e abrindo a fronteira pros muçulmanos e africanos, é judeu.”
Em um perfil que alega falar sobre história, mensagens duvidam do número de mortos no Holocausto e desfilam elogios a Hitler. Em um vídeo, um jovem gaúcho ataca as mulheres e desafia: “Se ela está de noite vestida como p., provocando, sabendo os riscos de ser estuprada. Bem feito, entendeu [bate palma]. Parabéns estuprador. Se é uma mulher que está usando burca, que tem o namorado do lado ou está às 10 horas da noite dormindo em casa, não é vagabunda baladeira, aí sim sou contra o estuprador. São casos bem diferentes. Estuprar feminista, lésbica, vagabunda, sou a favor sim. E se tu não gostou, me processa. Se isso é incitação ao crime, estou fazendo”.
374 perfis do Facebook têm conteúdo neonazista ou revisionista, que tentam negar os crimes praticados pelos nazistas.
Esses são exemplos dos grupos que se manifestam na internet e nas redes sociais no Brasil. De acordo com levantamento da ONG SaferNet, foram identificados no Brasil 841 endereços com conteúdo neonazista na web em 2013 e o Facebook é onde esses grupos mais crescem. Entre 2011 e 2013, por exemplo, o número de perfis com conteúdo neonazista ou revisionista, que tentam negar os crimes praticados pelos nazistas, aumentou 237%, atingindo 374.
Com menos controle, o Or­kut, mesmo tendo caído em desuso, ainda é o ambiente virtual com maior presença deste tipo de página: 374 no ano passado. Nos demais sítios web, como blogs, foram identificados 231 endereços com conteúdo neonazista.
Segundo dados da Polícia Federal aos quais a SaferNet Brasil teve acesso, até setembro de 2013 existiam 204 inquéritos policiais instaurados em todo o país para investigar crimes de ódio e intolerância na internet.

Nenhum comentário:

Postar um comentário