quinta-feira, julho 11, 2013

Ação do MPRJ ameaça realização da JMJ Rio2013

Paz, solidariedade, justiça, fé e amor são algumas das bandeiras de peregrinos e participantes das Jornadas Mundiais da Juventude na construção de um mundo novo, valores universais presentes na realização da sua 28ª edição, no Rio de Janeiro. Porém, tudo isso está em risco por causa de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), ajuizado nesta terça-feira, 9 de julho.
Mesmo sem a venda de ingressos, sem fins lucrativos e com a programação aberta a todos, o Ministério Público disse entender a JMJ como um “evento de natureza privada”. O órgão não considerou o papel de parceria desempenhado pelo Poder Público, de todas as esferas, desde a candidatura para sediar o evento. E, por isso, a ação civil pública pretende suspender imediatamente o edital de licitação publicado pelo município do Rio para contratação de serviços de saúde para a Jornada. A pena, caso a ação seja acolhida pela Justiça, é a possibilidade do cancelamento total ou parcial dos eventos que integram a programação da JMJ Rio2013.
O Comitê Organizador Local da JMJ Rio2013 lançou uma nota oficial em que reafirma o caráter público do evento, apesar da natureza religiosa, e demonstra a preocupação pelo bem estar dos milhares de peregrinos e participantes. “Os organizadores da JMJ 2013 informam que oferecerão oportunamente resposta à inicial proposta, certos de que o Poder Judiciário decidirá a questão atendendo a todos os anseios da sociedade, e que, apesar de tais obstáculos, a JMJ Rio2013 será um sucesso”.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, defendeu o apoio do Governo Municipal à Jornada, em pronunciamento durante a passagem dos símbolos da JMJ ao Palácio da Cidade, nesta quarta-feira. “A prefeitura vai disponibilizar todos os serviços públicos necessários para atender bem a essa multidão que aqui está. Seja com serviços de segurança, com a Guarda Municipal; serviços de limpeza, com a Comlurb; e serviços também de saúde para a multidão que estará na Jornada Mundial da Juventude”. A prefeitura deve executar o serviço de atendimento médico pré-hospitalar fixo e móvel nos eventos a serem realizados em Copacabana e Guaratiba.

Apoio dos governos
A candidatura da cidade do Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude foi feita com o apoio das várias instâncias dos Governos Municipal, Estadual e Federal. 
Na carta de compromisso do Governo Estadual ao Vaticano, de novembro de 2010, o governador Sérgio Cabral afirmava: “Estamos realizando ações que visam assegurar condições ideais para a realização da Jornada Mundial da Juventude, em 2013. Somos um povo cristão, acolhedor e caloroso e não mediremos esforços, com as graças de Deus, para alcançarmos o sucesso nos eventos acima referidos (JMJ, Copa do Mundo e Olimpíadas), que teremos no Rio de Janeiro”.
Em apoio à JMJ Rio2013, o Governo do Rio de Janeiro criou, em outubro de 2011, uma Comissão Especial para JMJ Rio2013. A Comissão Governamental Especial tem o objetivo de organizar e coordenar os trabalhos para a JMJ. O decreto foi assinado pelo governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, durante solenidade no Palácio Guanabara. Estiveram presentes também o vice-governador Luiz Fernando Pezão e o chefe da Casa Civil, Regis Fichtner, além do arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta e demais coordenadores.
A presidente Dilma Rousseff também criou uma Comissão Especial para JMJ Rio2013 em março do ano passado. A comissão, cujo decreto foi assinado e publicado no Diário Oficial da União, tem o objetivo de "adotar todas as medidas necessárias para o êxito da visita de Sua Santidade o Papa" ao Brasil. A comissão teria ainda a finalidade de articular os trabalhos da União com os órgãos federais, estaduais e municipais, a Nunciatura Apostólica, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e a Arquidiocese do Rio de Janeiro.

JMJ Rio 2013 deixará legados
Entre os diversos legados que a Jornada Mundial da Juventude deixará para a população do Rio de Janeiro e do Brasil, destacam-se os aspectos ambiental, social, econômico e, principalmente, o espiritual. Em cada um, há ações e projetos que, inicialmente elaborados em ocasião do evento, continuarão em funcionamento após o dia 28 de julho. Os investimentos de segurança pública também são parte deste legado.
A preocupação com a sustentabilidade do evento é palpável no trabalho de gestão de resíduos. O COL assumiu o compromisso de despejo zero de resíduos em aterros sanitários, no Campus Fidei, em Guaratiba. Em relação ao legado ambiental está sendo realizada também uma parceria com a Rede WWF. Além disso, junto aos sacerdotes jesuítas do Secretariado de Justiça Social e Ecologia da Companhia de Jesus (SJSE), será elaborado um site ecológico.
Há ainda um plano de acessibilidade para pessoas com deficiência. Está sendo montada uma estratégia para garantir que as pessoas com deficiência possam participar bem dos eventos em Copacabana e em Guaratiba. No Campus Fidei, haverá uma área adaptada para os principais tipos de deficiência: visual, auditiva, intelectual e motora (cadeirantes). A estrutura foi apreciada pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos durante reunião.  Além disso, os peregrinos cadeirantes poderão solicitar hospedagem especial e transporte para Guaratiba.
A JMJ também trará oportunidades de diálogo entre diversas iniciativas públicas e privadas sobre as expectativas e anseios da juventude, a partir de princípios e valores cristãos. Por exemplo, em parceria com as Organizações das Nações Unidas (ONU), a JMJ vai promover uma manhã de debates sobre o papel da juventude no desenvolvimento sustentável e da paz. Também haverá umencontro ecumênico que reunirá jovens líderes das três principais religiões monoteístas do mundo.

Impacto econômico
A JMJ Rio2013 trará benefícios econômicos para o estado. A estimativa do Comitê Organizador Local (COL) é de que sejam criados 20 mil empregos diretos e sejam movimentados mais de R$ 500 milhões no estado do Rio de Janeiro.
Levando em consideração apenas o comércio carioca, a projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é de que a Jornada injete R$273,9 milhões no setor.
O impacto positivo também acontecerá em larga escala no turismo. Jovens gastam mais e retornam ao destino turístico, de acordo com estudo da Organização Mundial de Turismo (OMT).

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