sexta-feira, julho 25, 2014

Curitiba testa sistema que aumenta tempo de semáforo para pedestres com mobilidade reduzida


A Prefeitura de Curitiba está testando um dispositivo que amplia a segurança para que pessoas com mobilidade reduzida atravessem os cruzamentos semaforizados da cidade. Trata-se de uma tecnologia que aumenta o tempo de abertura dos semáforos para pedestres mediante o uso do cartão transporte de idoso e de pessoa com deficiência, emitidos pela Urbs (Urbanização de Curitiba S/A). O objetivo é contribuir para reduzir o número de acidentes envolvendo esses grupos, que estão entre as principais vítimas do trânsito urbano. O projeto piloto está em curso num semáforo do bairro Alto da Glória.
O sistema, desenvolvido pela empresa Dataprom, funciona através de uma botoeira especial acoplada ao semáforo, que pode ser acionada pelos cartões da Urbs. Ao identificar o cartão, o semáforo abrirá por mais alguns segundos além do programado, permitindo uma travessia mais segura. O tempo de abertura será de 20% a 30% maior do que o tempo de semáforo normal em Curitiba, que considera a velocidade média do pedestre de 1m/s. No semáforo do projeto-piloto, será considerada a velocidade média do pedestre de 1,2m/s, no mínimo.
“Nossa intenção é garantir a segurança dos pedestres nos cruzamentos de trânsito em Curitiba, principalmente dos idosos, que são as maiores vítimas de acidentes fatais com pedestres no trânsito da cidade. Precisamos urgentemente mudar esse quadro”, afirma a secretária municipal de Trânsito, Luiza Simonelli.
O primeiro cruzamento a receber os equipamentos de teste é o das ruas Amâncio Moro, Agostinho Leão Júnior e Ubaldino do Amaral, em frente à Igreja do Perpétuo Socorro, no bairro Alto da Glória. Atualmente, estão habilitados a usar o equipamento 176.133 portadores do cartão de idoso da Urbs e 13.397 portadores do cartão de pessoa com deficiência. Os cartões que não são utilizados há mais de um ano precisam ser atualizados na Urbs para a utilização nos semáforos.
Aprovado
A novidade foi aprovada por idosos que frequentam a região – onde o movimento é grande principalmente nas quartas-feiras, quando durante todo o dia acontecem as novenas do Perpétuo Socorro. “Acho a ideia ótima. As pessoas têm dificuldades para atravessar por aqui, têm receio de passar e ser atropeladas por um carro ou moto”, diz Marlene Tanner Miller, 69 anos. Muitas vezes, ela e o marido João Enio,  com receio de atravessar a rua, iam até a Avenida João Gualberto para pegar o biarticulado da linha Santa Cândida-Capão Raso. “Agora podemos atravessar a rua com segurança para ir até o ponto do Hugo Lange, que é outro lado da rua”, diz Miller, 71 anos.
“Este cruzamento é bem movimentado. Vem carro dos três lados e é bem difícil para atravessar. O tempo do semáforo era curto e obrigava a gente a passar quase correndo. A gente precisa mesmo de um tempo maior para atravessar”, diz Iracema Vasques, 69 anos, que tem dificuldades para andar porque já fez cirurgia na coluna.
Acidentes
Segundo dados do projeto Vida no Trânsito, 40% dos pedestres mortos em acidentes nas ruas da cidade em 2012 eram idosos. Em 2013, esse percentual caiu, mas ainda permaneceu alto: 35%. Para reduzir o número de acidentes, no último trimestre de 2013 a Secretaria Municipal de Trânsito realizou uma pesquisa inédita com pedestres idosos em vários cruzamentos do centro de Curitiba, determinando velocidade e tempos médios de travessia. Os dados serviram de base para o aumento de tempo dos semáforos de pedestres em diversos cruzamentos da cidade.
Os testes da nova tecnologia de utilização dos cartões da Urbs têm duração inicial de 30 dias e poderão ser estendidos a outros cruzamentos da capital. Os estudos também serão encaminhados para a comissão de novas tecnologias da Setran, que tem como participantes técnicos da secretarias e representantes de universidades convidadas.
“Vamos avaliar essa tecnologia para, futuramente, implementarmos o sistema nos cruzamentos de grande fluxo de pessoas e diminuirmos o risco de atropelamentos dos idosos. São alguns segundos imperceptíveis para os condutores de automóveis, mas vitais para a segurança dos pedestres”, informa Cassiano Novo, diretor da Escola Pública de Trânsito da Setran.

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