quinta-feira, agosto 16, 2012

Fique de olho, ele poderá ser o próximo prefeito da cidade

Atrás de todo potencial prefeito existe alguém que costuma ficar em segundo plano, só responde quando necessário, mas cumpre a via sacra das agendas oficiais e pode ser o próximo a governar a cidade. São os candidatos a vice-prefeito. Na eleição deste ano em Curitiba, quatro desses concorrentes são mulheres e alguns não têm qualquer histórico de disputa eleitoral anterior.
Estratégia
Mesmo não sendo o centro das atenções, eles podem retirar votos
Embora na maior parte do tempo os holofotos não fiquem sobre eles, os candidatos a vice-prefeito são estrategicamente escolhidos. Isso porque, além de fundamentais para firmar uma aliança política, eles podem angariar ou retirar votos da candidatura.
“Eles podem puxar ou tirar votos, mesmo não sendo estrondoso para o candidato a prefeito. São importantes para as articulações políticas e, principalmente, para aumentar o tempo de propaganda eleitoral na TV, mobilizar militância e agregar apoio de outros partidos, como também pode atrapalha”, diz o cientista político da Uninter Luiz Domingos Costa. Segundo ele, o tempo que o partido do candidato a vice tem de propaganda partidária no rádio e na TV pode implicar na intenção de voto do eleitor, sendo as coligações também pensadas sob essa perspectiva.
O professor acrescenta que o vice pode agregar votos dependendo do seu perfil e do grupo em que circula, mas se estiver envolvido em algum escândalo, a chance é que atrapalhe a campanha da chapa.
Já para o consultor de mar­­keting político Carlos Manhanelli, quando há um alto índice de rejeição ao vice, as estratégias da campanha serão diminuir a exposição desse personagem. “As campanhas, em geral, são centradas na imagem do candidato a prefeito, porém se o vice tem rejeição, será minimizada a publicidade em torno dele, para ele não atrapalhar”, explica.
Para ele, também é possível dizer que a escolha de mulheres como vice ajuda no “marketing do candidato a prefeito”. “É uma estratégia midiática que alude à inserção das mulheres no processo político, mesmo, às vezes, não causando grande movimentação eleitoral”, comenta.
Declarações
“O perfil dos vices tem mudado em função da dinâmica partidária, já que é importante na montagem das alianças.”
Luiz Domingos Costa, professor de Ciência Política da Uninter.

O vice representa a necessidade de agregar outro partido para [o candidato] mostrar que tem força política.”
Carlos Manhanelli, consultor de marketing político.

O professor de Ciência Política da Uninter Luiz Domingos Costa afirma que o vice é uma carta importante no jogo político e eleitoral. “O perfil dos vices tem mudado em função da dinâmica partidária, já que é importante na montagem das alianças. Por isso, raramente pertence ao mesmo partido do candidato a prefeito, mas confere maior equilíbrio à candidatura”, explica o professor. Para ele, a exposição desse elenco político vem crescendo tanto que debates realizados entre os vices já são tendência durante a campanha eleitoral.
Costa destaca que, além de ser uma peça de articulação durante o período eleitoral, o candidato a vice merece atenção dos eleitores, pois durante o mandato pode chegar a assumir o comando do município. Isso ocorre em casos em que o prefeito se ausenta mais de 15 dias, quando ele tem problemas de saúde e precisa se licenciar ou nos casos de falecimento ou renúncia. Se o prefeito decide concorrer a outra eleição durante o mandato também é o vice quem assume. Foi isso que ocorreu em Curitiba, em 2010.
O atual prefeito Luciano Ducci (PSB) assumiu o comando do município porque Beto Richa (PSDB), reeleito para a prefeitura da capital em 2008, saiu para concorrer ao governo do estado.
Assim como Ducci, Richa também foi vice-prefeito. Entre 2000 e 2004, esteve na prefeitura junto com Cassio Taniguchi (na época PFL), com quem rompeu no fim do mandato.Na época, Richa se candidatou a prefeito da capital e conseguiu se eleger disputando como oposição, sem o apoio de Taniguchi e do então PFL.
Articulação e financiamento são determinantes na escolha do vice
As estratégias para escolher o vice de um candidato a prefeito dependem de três fatores. O primeiro deles é a articulação política, uma vez que o vice pode resolver problemas de apoio partidário. “O vice representa a necessidade de agregar outro partido para [o candidato] mostrar que tem força política”, explica o consultor de marketing político Carlos Manhanelli.
O segundo fator determinante é que os vices são potenciais financiadores de campanha, podendo injetar dinheiro nas campanhas majoritárias. E o terceiro motivo são as possibilidades de votos que um vice oferece. Segundo Manhanelli, o vice possui públicos alvo que podem agregar voto ao prefeiturável. Mas para isso é preciso que o vice seja convincente. “Se o vice-prefeito tem uma intenção de voto alta, a campanha vai trabalhar para que esses votos sejam repassados ao candidato a prefeito, pois a votação é personalista e os vices, muitas vezes, são pessoas obscuras ao público, mas abrem portas à chapa consolidada”, explica.
O consultor político também comenta que o papel dos vices não pode ser atrapalhar, por isso são escolhidos “a dedo” durante convenções partidárias.

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RUBENS BUENO
Vice de Ducci
64 anos
Natural de Sertanópolis/PR
Professor de Letras 
PPS
Foi eleito deputado federal em 2010. Na política desde 1976, Rubens Bueno já concorreu a pleitos municipais, como o de Campo Mourão, onde foi prefeito (1993-1996). Foi deputado estadual em dois mandatos seguidos, de 1983 a 1990. Foi Secretário de Justiça, Trabalho e Ação Social do Estado do Paraná (1987-90). Foi eleito para o cargo de deputado federal em 1991 e 1999. Em 2002 disputou as eleições para o governo do estado e em 2004 concorreu à prefeitura de Curitiba, mas não ganhou em nenhuma das ocasiões.
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MIRIAN GONÇALVES 
Vice de Fruet
51 anos
Natural de Tupi Paulista / SP
Advogada trabalhista 
PT

É a primeira vez que concorre a uma eleição. A advogada trabalhista é militante do PT e foi organizadora da Central Única de Trabalhadores, em 1990. Ela é a candidata a vice com maior número de bens declarados, ultrapassando R$ 3 milhões. Em 2008, coordenou o programa de governo do PT para prefeitura de Curitiba, função que também desempenha neste ano. A vice-candidatura veio após uma votação apertada nas nove regionais do PT em Curitiba. Miriam ganhou de Roseli Isidoro, agora candidata a vereadora.
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RICARDO MESQUITA 
Vice de Ratinho
54 anos
Natural de Curitiba / PR
Arquiteto 
PSC

Integra pela primeira vez uma chapa para concorrer à eleição municipal. O curitibano é arquiteto (já passou pelo IPPUC) e é a grande aposta de Ratinho Júnior por ter um conhecimento técnico da cidade. Na década de 80, ele sofreu um acidente de moto que o deixou preso a uma cadeira de rodas por um período. Desde então, Mesquita desenvolve projetos para garantir acessibilidade às pessoas com deficiências por todo o estado. Já passou pela Secretaria de Urbanismo e Fundação Cultural de Curitiba.
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MARINALVA SILVA
Vice de Greca
57 anos
Natural de ampo Mourão / PR
Assistente Social 
PMDB

A vice de Rafael Greca é uma peemedebista histórica de Curitiba. Atualmente, ela preside uma das zonais do partido na capital, numa área que abrange a região do Fazendinha. Marinalva é servidora da Secretaria do Estado de Saúde (Sesa) e atua como assistente social/sanitarista em Curitiba. Ela já foi professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e diretora da segunda regional de Saúde Metropolitana.
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CLAUDIO MARIANO 
Vice de Carlos Moraes
60 anos
Natural de Rio Negro / PR
Técnico em Eletrônica 
PRTB

Claúdio Mariano teve uma rápida participação política em 2008, quando foi candidato a vereador de Curitiba pela coligação PTB/PRTB, mas não foi eleito. O técnico em eletrônica é filiado ao PRTB desde 2007. Vice na chapa de Carlos Moraes, defende a informatização dos setores públicos da cidade.
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SUELI FERNANDES 
Vice de Bruno Meirinho
47 anos
Natural de Londrina / PR
Professora 
PSOL

A candidata é professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e representante da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos no Paraná (Feneis/PR). Atua na defesa de criação de escolas bilíngues para surdos no estado. A vice, da área da educação, integra a frente de esquerda, que sai coligada com o PCB.
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BEATRIZ DE CAMPOS
Vice de Avanilson Araújo
25 anos
Natural de São Paulo / SP
Prof.ª de inglês e fotografia 
PSTU

A candidata a vice de Avanílson Araújo é a mais nova dos concorrentes, tem 25 anos. Não possui histórico político e essa é a primeira eleição que irá disputar. Beatriz é filiada ao PSTU desde 2002. Neste pleito, levanta como bandeira a eficiência do serviço público e a defesa ao combate à corrupção.
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CLAUDIO FAJARDO
Vice de Alzimara Bacellar
61 anos
Natural de Apucarana / PR
Sociólogo 
PPL

Foi presidente da Fundação Cultural de Curitiba em 1983 e Diretor da Biblioteca Pública do Paraná, de 2003 a 2010. Fajardo já foi filiado ao PSDB e ao PMDB, de onde saiu para fundar o PPL junto com Alzimara Bacellar, em 2011. Ele defende espaço para expressões culturais e artísticas em Curitiba.
Fonte: Gazeta do Povo 16/08/2012

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