quarta-feira, julho 04, 2012

Faltam vacinas contra a gripe em clínicas privadas do Paraná


Centros de vacinação privados estão com dificuldades para dar conta da demanda pela vacina contra a gripe A (H1N1) no Paraná. Em Curitiba e nas principais cidades do interior, a maioria dos postos particulares já não dispõe de doses e alega dificuldades com o fornecedor. A procura da população teve início com o crescimento da incidência da doença no estado, que totaliza 381 casos confirmados e 14 mortes.
Ontem, a reportagem entrou em contato com algumas das principais clínicas privadas da capital (veja quadro abaixo). A única que ainda tinha vacinas disponíveis era o Centro de Vacinação Paciornik. No entanto, as doses se esgotaram no fim do dia. Em algumas unidades particulares da capital, a previsão é de que novas remessas comecem a chegar no fim desta semana.
Entre as 14
vítimas da gripe A (H1N1) em 2012 no Paraná, a maioria tinha entre 20 e 49 anos. Já entre os 381 pacientes com a confirmação da doença a maior parte está na faixa etária de 50 a 59 anos. Os dados são do boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde, divulgado na segunda-feira. Com relação à distribuição espacial dos casos e óbitos nos municípios, a maior concentração está na Regional de Saúde Metropolitana (Grande Curitiba e litoral) e na Regional de Ponta Grossa. Os números são feitos com base em exames laboratoriais, colhidos de pacientes internados e por amostragem.
Sem tempo para a vacina fazer efeito
Apesar de ter tomado a vacina que protege contra a gripe A (H1N1), o operador de produção Iran Lucas dos Santos (foto), de 29 anos, foi surpreendido com o início de sintomas gripais. Enquanto trabalhava no domingo, dia 24, ele começou a sentir febre e muitas dores na cabeça e no peito, seguidas de uma tosse intensa. “Eram sintomas para ficar de cama, bem mais fortes do que o de outras gripes”, lembra. No dia seguinte, foi ao médico, que, após exames, o diagnosticou com o vírus H1N1 e logo iniciou o tratamento com o medicamento Tamiflu.
O operador calcula ter tomado a vacina há duas ou três semanas. “Provavelmente contraí a doença porque a vacina não tinha feito efeito no organismo”, diz. Segundo especialistas, como o prazo para imunização é de duas semanas após tomada a dose, há casos em que a pessoa contrai a gripe antes que a vacina produza o número de anticorpos necessários para bloquear a ação do vírus.
A diretora do Centro de Epidemiologia da Secretaria da Saúde de Curitiba, Karin Luhm, explica que nenhuma vacina é 100% eficaz e os cuidados com a higiene devem permanecer. “Temos orientado que a situação requer alerta da população com medidas preventivas e busca precoce dos serviços, mas não é nenhuma situação de pânico”, diz.
Cuidados esses que Iran logo adotou na sua rotina: “Os cuidados em casa agora são totalmente do jeito recomendado”, afirma o operador, que vem se recuperando da doença e retomando suas atividades.
A rede pública também apresenta quantidade reduzida de vacinas. Na semana passada, a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba chegou a registrar falta do produto, mas a situação foi parcialmente normalizada na quinta-feira com o recebimento de 13 mil doses, de acordo com a diretora do Centro de Epidemiologia, Karin Luhm. Ainda há posto sem a vacina. Seguindo a orientação do Ministério da Saúde, a secretaria está imunizando idosos a partir dos 60 anos, crianças entre seis meses e 2 anos (devem tomar duas doses, caso não tenham sido vacinadas no ano passado), gestantes em qualquer fase da gravidez, povos indígenas e trabalhadores de saúde envolvidos na atenção a pessoas com gripe.
Até sexta-feira, o órgão havia vacinado 272.465 pessoas – 97,9% do público-alvo. As vacinas que restam serão fornecidas para as crianças que ainda não tomaram a segunda dose, mulheres que descobriram estar grávidas agora, bebês que completaram seis meses, entre outros que fazem parte do público prioritário.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, 1,5 milhão de pessoas foram imunizadas no Paraná pela rede pública durante a campanha de vacinação contra a gripe, em maio, o equivalente a 89,9% do público-alvo. De lá para cá, mais doses foram recebidas (cerca de 90 mil chegaram nesta semana) e encaminhadas aos municípios para a vacinação dos grupos prioritários.
Interior
As vacinas contra o vírus H1N1 também estão esgotadas nas redes particulares de Foz do Iguaçu, Ponta Grossa, Paranaguá e Maringá. Em Londrina, a confirmação do aumento de casos e de uma morte por gripe A (H1N1) provocou uma corrida pela vacina nas três clínicas particulares da cidade. Na Clínica de Imunizações Dr. Baldy, por exemplo, a média de vacinação, que era de 30 doses diárias, subiu para até 250 nos últimos dias e o estoque se esgotou. O preço da vacina em Londrina varia de R$ 55 a R$ 75.
Em outras cidades, a grande procura fez o preço do produto disparar. Em Cascavel, na Região Oeste, a dose, que custava R$ 50, dobrou de valor nas últimas semanas e não é encontrada por menos de R$ 100, de acordo com o médico vacinologista Milton de Oliveira. Mesmo assim, está faltando vacina.
Em Maringá também há previsão de aumento no preço. “As vacinas são importadas e o nosso distribuidor não nos informou o prazo para essa reposição. A única informação é que essas novas doses serão mais caras do que as comercializadas até então”, explica Juliana Mingroni, técnica de enfermagem de uma clínica particular da cidade.
Colaboraram Tatiane Salvatico, da Gazeta Maringá; Juliana Gonçalves, correspondente em Londrina; Amanda de Santa, do Jornal de Londrina; Maria Gizele da Silva, da sucursal de Ponta Grossa; Oswaldo Eustáquio, correspondente em Paranaguá; Luiz Carlos da Cruz, correspodente em Cascavel; Denise Paro, da sucursal de Foz do Iguaçu; e Rafaela Gabardo, especial para a Gazeta do Povo.
Fonte: Gazeta do Povo 04/07/2012

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