O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Valdir Rossoni (PSDB), admitiu no balanço de seus cem primeiros dias à frente do Legislativo, que ele e outros parlamentares poderiam ter se insurgido antes de chegar ao comando da Casa contra problemas crônicos de que todos tinham conhecimento. Mesmo assim, o tucano faz um balanço positivo de sua gestão, que diz ser “totalmente diferente” das administrações anteriores do Legislativo.
Por outro lado, o parlamentar lamentou ainda não ter resolvido a situação de 114 servidores efetivos que estão sem função depois das mudanças administrativas na Casa e reclamou da cerimônia em torno da função de presidente do Legislativo paranaense: “Não me acostumo com segurança e com esse ritual do cargo.”
O balanço da gestão foi feito por Rossoni em entrevista a Gazeta do Povo nesta quinta-feira. O parlamentar diz que o controle de presença de deputados, o desconto no salário de quem faltar as sessões, a retirada dos seguranças, o fechamento da gráfica e a economia de recursos são alguns avanços já registrados. Confira os principais trechos da entrevistas:
Quais mudanças o senhor pretendia fazer na Assembleia quando assumiu em fevereiro e ainda não foram colocadas em práticas?
A lei não me permite resolver o problema de excesso de efetivo por questão de extinção de setores, como é o caso da gráfica, por exemplo. Só ali sobraram 23 [servidores]. Eu não consegui regularizar essa situação. Temos ainda cento e tantos funcionários para quem nós vamos dar mais uma oportunidade. Eles vão procurar uma outra vaga no serviço público. Até agora, nós procuramos e eles não quiseram conversa conosco. E aí a medida vai ser a redução de salários, que vai prejudicar as aposentadorias. É o que nós não gostaríamos.
Existem outras medidas que o senhor pretende implementar?
Queremos informatizar a Casa. Mas não se pode informatizar uma casa em que está chovendo dentro. Primeiro temos que fazer a minirreforma [estrutural] da Casa e aí informatizar para que as pessoas tenham todo o acesso às comissões, ao andamento de projetos, que seja tudo on-line. O exemplo nosso é a Câmara Federal. Nós queremos colocar no plenário netbooks [computadores portáteis] e estamos estudando para que as votações sejam por computador. Outra coisa: nunca antes nessa Casa, nós fizemos sessão com média superior a 45 deputados. Estamos tendo agora 50, 52 [parlamentares]. E nunca deputado que faltou teve desconto. Agora está sendo descontado.
Qual a principal dificuldade deste período?
As manchetes da Gazeta do Povo. As matérias, não. Elas expressavam a verdade. Eu nunca critiquei a Gazeta, as matérias diziam a verdade nua e crua – doíam, mas dizem a verdade. Agora, as manchetes... A segunda: não me acostumo com segurança e com esse ritual do cargo. Não gosto. Ver meu neto reclamando que tem que andar com segurança não me faz bem.
O que o senhor considera como o principal avanço da sua gestão?
Todos. Retirada dos seguranças, fechamento da gráfica, redução dos cargos comissionados, a economia que nós estamos fazendo... Vamos devolver segunda-feira R$ 10 milhões, que o governador [Beto Richa] assumiu o compromisso de investir em saúde. Outra coisa: hoje você chega na portaria da Assembleia e não tem mais um cara te cobrando propina para estacionar o carro.
O envolvimento do seu gabinete em investigações de suspeita de contratação de funcionários fantasmas atrapalhou sua credibilidade?
Não posso dizer que fiquei feliz com isso. Segunda-feira eu vou mostrar os funcionários e vou disponibilizá-los o mais urgente possível para que o Ministério Público ouça esses funcionários atuais e ex-funcionários.
Como o senhor compara estes cem dias da sua administração com os vinte anos em que o senhor é deputado?
Totalmente diferente. Aí, nós temos que fazer um mea-culpa. Na verdade, nós não nos insurgimos contra o que nós estávamos vendo [em outras gestões].
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