No fim do mês passado, Ducci enviou à Câmara de Vereadores mensagem alterando a nomenclatura da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, que incluiu a “Juventude” na responsabilidade da pasta. Na prática, o projeto aumenta o caixa e dá poder de articulação ao secretário, Marcello Richa, filho do governador do estado, Beto Richa (PSDB).
Em outra mensagem, o prefeito autoriza a criação do Conselho Municipal da Juventude (CMJ), órgão deliberativo e fiscalizador da execução da Política Nacional da Juventude, vinculado à secretaria. Para gerir este conselho será criado um Fundo Municipal da Juventude, que vai administrar verbas repassadas pelo município, estado e União. O presidente deste conselho, se repetido o que acontece em orgãos semelhantes em outras secretarias, deve ser o próprio secretário.
A outra mudança é a nomeação do deputado estadual Osmar Bertoldi (DEM) como secretário especial de Política Habitacional de Curitiba. A pasta criada por decreto tem a função de ser “responsável pelo planejamento e execução do programa de habitação de interesse social do município”.
Cunho político
Para o professor de Ciência Política Ricardo Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), as mudanças têm cunho político e miram a eleição do ano que vem. Segundo Oliveira, é possível perceber uma movimentação para o aumento do capital político de Luciano Ducci nas duas ações que ampliam a ação de aliados próximos. “Ele [o prefeito] estreita as relações com a família Richa, ampliando a base política e os recursos do Marcello com visível fim eleitoral”, analisa. Quanto a secretaria de Bertoldo, o professor enxerga uma cooptação da base dos Democratas, “um partido com estrutura, tempo de tevê e recursos financeiros que são operações com forte cunho político e eleitoral”.
Marcello é o presidente da juventude do PSDB. Na campanha de seu pai ao governo comandou a articulação pró-Richa nas redes sociais.
Outro lado
O secretário de Governo do município, Luiz Fernando Jamur, garante que nenhuma das duas estruturas criadas na prefeitura trará impactos financeiros aos cofres públicos. Jamur explica que a estrutura da secretária de Marcello Richa será mantida sem necessidade de contratações ou outros gastos e que a expansão vai “apenas unificar a articulação nas políticas municipais que tratam da juventude”.
De acordo com Jamur, a criação da Secretaria de Habitação entra na conta das secretarias estaduais que o município pode criar. Questionado se este papel já não era desempenhado pela diretoria da Cohab, Jamur afirma que as duas instituições cumprem funções distintas. Segundo ele, a nova secretaria nasceu para ser “gestora do planejamento estratégico das políticas de habitação”, enquanto a Cohab desenvolve operacionalmente essas políticas.
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